Bispo de Vila Real contesta «referendo ardiloso»

D. Joaquim Gonçalves assinala que «se se introduzir o direito de abortar, estabelece-se o direito de matar para resolver problemas sociais de alguns» O Bispo de Vila Real manifestou-se contra o que considera ser o “referendo ardiloso” do próximo mês de Fevereiro, sobre o aborto. Para D. Joaquim Gonçalves, é preciso deixar de lado “o tecnicismo da linguagem” e ir directo ao que está em causa. “O que realmente se pergunta na consulta do referendo e se quer legislar é o direito de a mãe, qualquer mãe, poder pedir a morte do filho, mesmo saudável, até às dez semanas. Esse é o drama”, aponta. Segundo este responsável, “se se introduzir o direito de abortar, estabelece-se o direito de matar para resolver problemas sociais de alguns”. “O aborto clandestino é mau por ser clandestino e é péssimo por ser aborto. Fixar o coração exclusivamente na clandestinidade é o ardil”, refere. Na crónica semanal que publica no jornal A Voz de Trás-os-Montes, D. Joaquim Gonçalves elenca as razões que a Conferência Episcopal Portuguesa já apresentou para votar Não. O prelado explica, por exemplo, que “falar de «despenalização» do aborto parece só querer retirar o castigo da mãe, mas de facto vai mais longe: cria o direito de a mãe abortar”. O Bispo de Vila Real alerta para o possível “comércio nascido do direito de abortar, dando lugar a clínicas formadas por cidadãos nacionais e estrangeiros”. “Paradoxalmente, teríamos os poderes económicos a fazer negócios com abortos e o Estado a cobrar impostos pelos lucros auferidos por aqueles cidadãos”, assinala. “Haverá sempre pessoas, mesmo humildes, que, para manter o anonimato e por outros motivos, não recorrerão aos hospitais”, diz ainda. Para D. Joaquim Gonçalves, “algumas razões de natureza sociológica podem sempre discutir-se, mas o núcleo central é indiscutível: nunca pode autorizar-se a morte do filho”. Em conclusão, o prelado assume que “a atitude mais sensata ainda será manter o princípio legal da defesa da vida e entregar à jurisprudência julgar das atenuantes de cada passo errado”.

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