Uma multidão acompanhou os «Passos» de Jesus na cidade
D. José Pedreira, na celebração da Bênção dos Ramos que lança a Semana Santa, desafiou os fiéis a tomarem uma decisão firme e séria de com a sua vida testemunharem que Cristo é o Messias esperado cuja entrega da própria vida é fonte da redenção de toda a humanidade.
No domingo em que a Igreja faz a «leitura dos “passos” de Cristo até ao alto do Calvário», este ano a partir narração do evangelista Lucas, depois de benzidos os ramos com que o povo aclamou a entrada em Jerusalém do Cristo, os fiéis tomaram contacto com «o drama da Paixão de Jesus: o sofrimento, o silêncio, a solidão, o abandono… e os que se deixaram compadecer».
Um conjunto de apontamentos de alguns dos aspectos mais significativos da narrativa serviram para D. José Pedreira vincar que «Jesus é o Messias esperado, o Deus connosco, a testemunha do amor misericordioso e do perdão, oferecidos por Deus a todos e cada um de nós».
Neste drama do Calvário, Cristo «revive em si as infidelidades do homem» de todos os tempos, que, em nome de uma liberdade ambígua e enganosa, cobiça, egoísmos ou soberba da vida, «recusa Deus» apresentando-se como se fosse «senhor absoluto de si próprio».
O Bispo de Viana do Castelo assegura que olhar o mundo como Cristo o revela do alto da cruz «não é uma alienação religiosa», mas «o compromisso de abraçar os crucificados de hoje, marginalizados e excluídos no seio da sociedade, perdidos no caminho da vida». O desafio actual, prosseguiu, é dar-lhes «a palavra da misericórdia que liberta, a coragem e esperança da vida ao partilhar os seus pesadelos, tristezas e desesperos». É, concluiu, «prestar o nosso serviço à vida» uma vez que Cristo morreu para que «todos tenham vida e a tenham em abundância».
Dirigindo-se aos jovens, numa altura em que se celebram as Bodas de Prata da Jornada Mundial da Juventude, agendada para Madrid no próximo ano, exortou-os a empenharem-se, sem medos perante as dificuldades, na construção do próprio futuro, através de percursos sérios de formação pessoal e de estudo, «para servir de maneira competente e generosa o bem comum».
A fé, salientou poderá ajudar a ser mais fortes, generosos e corajosos para enfrentar com serenidade o caminho da vida, e «levar muitos à decisão de se doarem totalmente a Cristo e de assumir responsabilidades vocacionais, familiares e profissionais».
Citando o Papa, D. José Pedreira alertou os jovens para alguns dos «grandes desafios» que a sociedade actual enfrenta: o uso dos recursos da terra e o respeito da ecologia; a justa divisão dos bens e o controlo dos mecanismos financeiros; a solidariedade com os países pobres no âmbito da família humana; a luta contra a fome no mundo; a promoção da dignidade do trabalho humano; o serviço à cultura da vida; a construção da paz entre os povos; o diálogo inter-religioso e o bom uso dos meios de comunicação social.
Em ordem à construção de uma sociedade nova «aceitai o desafio de vos comprometer, com todo o entusiasmo e valentia, na construção dum projecto de vida pessoal exigente e apaixonante» que seja revelador dos desígnios de Deus.
Comprometidos nos Passos de Cristo
A tarde quente e ensolarada de Viana trouxe à rua uma multidão e pessoas para acompanharem a Procissão de Passos com o, sempre tocante, encontro de Cristo com a sua Mãe, na Praça da República.
O pregador do “sermão do Encontro”, o carmelita Frei Caetano, enfatizou aquele «cruzar» de olhares que, no meio de tanto abandono e sofrimento, deu alento para o cumprimento da missão.
A tónica do pregador foi confrontar cada uma das pessoas que se distribuíam pelas principais artérias de Viana com o seu papel no drama que se desenrolava passo a passo à dois mil anos entre a cidade de Jerusalém e o monte do Calvário.
Antes na Sé Catedral, sob a presidência do Bispo Diocesano,recitou-se a oração de Vésperas, cujo salmodiar introduz o fiel na transcendência.
Paulo Gomes