Bispo de Cabinda desmente fracturas na Diocese

Entrevista à Agência ECCLESIA D. Filomeno Vieira Dias, em entrevista à Agência ECCLESIA, esclarece qual a situação da Igreja no enclave angolano e como tem vivido os seus primeiros tempos como Bispo em Cabinda Agência ECCLESIA – Como tem sido recebido pela Diocese de Cabinda? D. Filomeno Vieira Dias (FVD) – Desde o primeiro dia que não faltam manifestações de amizade e simpatia, gestos de profunda comunhão eclesial e humana alegria. Neste sentido não tenho motivo para lamúrias. Estive no Maiombe várias vezes, no Lucula, Subantando todas localidades do interior e fui muito bem recebido. O que grupos bem identificados procuram promover em algumas capelas da capital da província é mais que conhecido e em nada dignifica os seus mentores porque de humano tem pouco e de cristão nada. Mas não podemos identificar estes com a comunidade católica de Cabinda. AE – Há justiça nas críticas de quem acusa a Igreja de estar “ao serviço de Luanda”? FVD – Conhecemos a Igreja e somos dela membros. A Igreja não está ao serviço de estados e muito menos de governos. A Igreja serve Cristo no homem de todos os tempos e lugares. Houve sempre a tentativa de politizar-se esta nomeação, mas deve-se fazer fé na voz unanime dos bispo de Angola que nunca se prestaram às ofertas do mercado. AE – A unidade da Igreja em Cabinda está ameaçada neste momento? FVD – De modo algum. Estou em contacto com os párocos, sacerdotes, religiosas e catequistas e o testemunho de comunhão é unânime. O grupo de catequistas circunscritos a duas paróquias da cidade que teima em não ouvir a voz da Igreja vai-se auto excluindo e assinando o seu fim. Pois como é sabido é católica toda Igreja particular (ou seja, a diocese) formada pela comunidade dos cristãos que estão em comunhão na fé, nos sacramentos e no governo eclesiástico com o seu bispo, ordenado na sucessão apostólica, e com a Igreja de Roma, que “preside na caridade” AE – Está a surgir, no território, uma “Igreja Católica Independente”? Que dimensão poderá adquirir? FVD – Não tenho sinais desta “Igreja Católica Independente”, dos seus líderes e mentores. Se consideramos como sinais desta Igreja os grupos que contestam a nova realidade diocesana, devo dizer que se limitam fundamentalmente ao território de uma paróquia e tenho muitas dúvidas que os fiéis venham a aderir em massa a esta “nova Igreja” . De qualquer modo, não será por isto que a Igreja deverá rever aquilo que é norma comum. AE – Sente que a sua segurança pode estar em risco? FVD – Apesar das ameaças, panfletos e telefonemas anónimos, sinto-me seguro e tranquilo. É uma questão de consciência e de fé. Ao dizer sim, aceitei todos os riscos, abracei a minha cruz e confiei sobretudo no melhor do tecido humano e cristão das populações de Cabinda. AE – Como integra as diferentes opiniões sobre a governação do território na dimanização pastoral da Diocese? FVD – A Igreja é essencialmente uma comunidade de fé. É a comunidade convocada por Cristo caminho, Verdade e Vida e que faz Dele e do seu Reino a opção fundamental da sua vida. Estas opiniões têm o seu espaço concreto: as associações políticas, partidárias e outras. Aí devem ser debatidas e discutidas estas questões, este é o seu palco natural. Não cabe a Igreja ter esta questão como objecto do seu operar. Nós acompanhamos a “cidade dos homens” e respeitamos a sua justa autonomia e escolhas nestas matérias. Agora deve ser bem vincado que estas opções não devem em nada afectar a vida da Igreja enquanto comunidade de todos aqueles que fizeram de Jesus Cristo a opção fundamental da sua vida. E o padre deve ser o homem da união, da caridade e da paz, mesmo permanecendo “o ministro do desassossego”. AE – Como espera resolver as questões levantadas pelos grupos de “católicos contestários” presentes na Diocese? FVD – É minha esperança e propósito que eles entendam e aceitem aquilo que é e sempre foi a vida da Igreja. Nós temos dialogado com estas pessoas. O nosso voto é que compreendam que a Igreja tem valores e normas às quais todos devemos aderir. O compromisso eclesial é livre e voluntário. É adesão livre a uma tradição de vida enraizada na fé em Jesus Cristo que percorre a história há mais de dois mil anos. Não vamos “reinventar” o catolicismo, entraríamos no relativismo absoluto e na subjectividade permanente. Ser católico é aderir a uma vida que é Dom e património de milhões, confiada à Igreja como Boa Nova para a humanidade. Portanto, que se predisponham a fazer com todos este caminho de Igreja, mesmo na diferença de sensibilidades. A Igreja tem uma só fé, uma só vida sacramental, uma única sucessão apostólica, uma comum esperança e a mesma caridade. Desta verdade somos todos defensores.

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Agência ECCLESIA

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