Bispo de Baucau nega guerra étnica

O Bispo de Baucau negou que Timor-Leste esteja a viver uma guerra étnica. Ontem, em entrevista à Rádio Renascença, D. Basílio do Nascimento dizia que esta “é uma crise que se resume à capital, Dili, e não é uma crise nacional”. “Dizer-se que há rivalidades étnicas, é um problema falso e exagerado”, afirma o Bispo, que compara a situação com o que aqui acontece entre sócios do Benfica, Sporting ou do Porto: “São questões que por vezes levam à violência, mas são só rivalidades clubísticas”. O problema que começou com os militares está agora na população, acrescentando que se calhar há coisas que vêm de trás, do tempo da resistência, quando os comandantes eram de gente de Leste e os de Oeste não eram considerados. Quanto à opinião que tem sobre Mari Alkatiri, o Bispo diz que há uma grande oposição e descontentamento em relação ao Primeiro-ministro e receia que esta recente remodelação do Governo não seja suficiente. O Bispo de Baucau falava ainda de Xanana Gusmão como a referência da Igreja e da população timorense para mediar esta crise. “O Povo confia e deposita esperança no Presidente de Timor”. Mais calma O Presidente da República de Timor-Leste, Xanana Gusmão, empossou hoje em Díli Ramos-Horta como ministro da Defesa e Alcino Baris como ministro do Interior. Para hoje estava prevista a posse de três ministros mas Arcanjo da Silva, indigitado para a pasta do Desenvolvimento não compareceu. A posse de Ramos-Horta e Alcino Baris decorreu, como marcado, às 13:00 (05:00 em Lisboa), com o Presidente a fazer um pequeno discurso de improviso, iniciando-se 30 minutos depois uma reunião do Conselho Superior de Defesa e Segurança (CSDS). Arcanjo da Silva, que não compareceu, era vice-ministro do Desenvolvimento e foi nomeado interinamente como ministro após a demissão do anterior titular da pasta, Abel Ximenes, a 8 de Maio, por discordância com as orientações políticas do governo liderado por Mari Alkatiri. José Ramos-Horta e Alcino Baris substituem, respectivamente, Roque Rodrigues e Rogério Lobato, que apresentaram quinta-feira a demissão durante uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros. Com a posse dos novos ministros da Defesa e do Interior ficaram criadas as condições para que se realizasse a reunião do CSDS, órgão consultivo do chefe de Estado. Arcanjo da Silva, ainda que tivesse comparecido na posse, não participaria nesta reunião. Entre as medidas de emergência anunciadas por Xanana Gusmão, que vão vigorar por 30 dias, está incluída a apreensão de armas, munições e explosivos.

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