D. Basílio do Nascimento, Bispo de Baucau, considera que a actual situação em Timor se deve, em parte, à falta de comunicação entre os governantes e o povo. “Julgo que o senhor Primeiro-ministro é um homem muito bem-intencionado, uma pessoa formada, mas a comunicação é o que falta a Mari Alkatiri. É uma pessoa distante e trata-se de uma lacuna não só dele, mas da parte dos restantes governantes. Não tem havido comunicação. E não sou só eu que o digo, mas todas as pessoas, e sobretudo os observadores internacionais, que estão em Timor e mesmo a população”, referiu o prelado ao semanário diocesano do Algarve, “Folha do Domingo”. Os Bispos de Timor chegaram a pedir, em Abril de 2005, a demissão de Mari Alkatiri. Quanto a essa posição, D. Basílio do Nascimento explicita-a como sendo um sinal enviado aos órgãos de poder para dizer: “vejam lá para onde é que estão a tentar levar o País, porque nós sentimos que, através desta atitude, há qualquer coisa da identidade timorense que está a ser minimizada”. O Bispo de Díli manifestou também a sua preocupação quanto às “consequências das indefinições (da situação em Timor), alertando para “as violências que têm um papel muito negativo sobre a população”. “Como timorense e como Pastor, sinto-me muito apreensivo com aquilo que se passa neste momento” frisou. Na sua opinião, “nesta fase (da vida do país) a Igreja é um parceiro que não devia ser ignorado ou minimizado precisamente, porque neste momento há uma afectividade ainda bastante grande e um reconhecimento muito profundo, da parte do povo, em relação àquilo que a Igreja fez no passado”. D. Basílio lamenta a situação do seu povo, que “ao longo destes quatro anos de independência tentou reorganizar a sua vida e infelizmente agora perdeu outra vez tudo”. Para o Bispo, um dos motivos da actual instabilidade é a “insatisfação por causa da degradação da situação”. Embora reconheça que “ hoje em dia começa a haver alguns recursos financeiros”, o mau estar surge “pelo facto de as pessoas saberem que há esses pequenos recursos que já poderiam estar ao serviço da nação e do povo e… as pessoas não têm nada”. Neste momento, porém, “o que importa é que haja serenidade, paz e um clima que propicie a diminuição da tensão, porque há sessenta mil refugiados que estão nos conventos, nos seminários e nas paróquias em Díli”. Entrevista a D. Basílio do Nascimento, Bispo de Baucau • Há recursos que já poderiam estar ao serviço da nação e do povo