D. Basílio do Nascimento aposta na formação e acompanhamento dos cristãos, lembrando que em Timor a relação com a Igreja é forte D. Basílio do Nascimento, Bispo de Bacau, considera que a Igreja Católica em Timor-Leste deve assumir novas responsabilidades e apostar “na formação e acompanhamento dos cristãos”. Em entrevista à edição de Agosto da revista “Família Cristã”, o prelado lembra que a sua diocese uma das mais recentes do mundo e que, por isso, foi necessário começar “mesmo do zero”. “Em Baucau, há 280 mil habitantes e 41 padres, entre religiosos e diocesanos. Mas isso não me preocupa porque a força desta Igreja timorense assentou desde sempre nos leigos”, explica. Sobre o trabalho da Igreja após a independência do país, D. Basílio frisa que “podemos ter ideias muito boas, mas se não tivermos quem as consiga pôr em funcionamento elas não saem do papel”. “Tentamos que uma franja jovem que não teve acesso às escolas possa ter acesso a alguma coisa para sobreviver. Por isso, criou-se um centro de formação de mecânica e de carpintaria. Agora com a ajuda da cooperação portuguesa estamos a pensar na alfabetização e em aulas de culinária”, destaca. O prelado agradece ainda à Cáritas pela sua acção com o trabalho agrícola. “A diocese tem basicamente população que vive da agricultura. Pensámos que poderíamos ajudar a aumentar os conhecimentos nessa área”, vinca. As dificuldades da Diocese são agravadas pelas responsabilidades que assume no sistema escolar. “As escolas são um meio muito poderoso para o ensino e para a evangelização, mas são é uma estrutura muito pesada para a Diocese manter”, observa D. Basílio do Nascimento. Governo e Igreja Interrogado sobre o estado das relações entre o Governo e a Igreja timorense, o Bispo de Baucau admite que houve “situações difíceis”, observando que “há coisas que o Governo encara de uma maneira e a Igreja de outra”. “Vamos ver como enfrentamos essas diferenças de opinião”, assegura. Comentando uma hipotética redução do peso da Igreja após o final do regime de opressão indonésio, D. Basílio do Nascimento refere que “houve uma adesão muito grande à Igreja na altura da ocupação. Isso não aconteceu por fé mas por se pensar: «Estamos livres pelo Deus cristão»”. “A adesão foi mais pela circunstância do que pela formação. E agora essas pessoas sentem-se desenraizadas porque não foram instruídas nos símbolos litúrgicos. Penso que foram estes factores que levaram à diminuição de fiéis nas igrejas”, precisa. O prelado nega, contudo, que a diminuição seja drástica. “Nas épocas em que os alunos estão de férias, as igrejas enchem. Quando não há trabalhos nos campos, as igrejas enchem. Neste momento, não me parece que haja uma diminuição significativa na frequência”, esclarece.