O Bispo de Baucau, D. Basílio do Nascimento, espera que a Igreja portuguesa “abra, mais uma vez, o seu coração para as necessidades que a Igreja de Timor faz chegar”. : O apelo foi feito ontem, em Braga, num encontro com o Arcebispo Primaz e presidente da Conferência Episcopal, D. Jorge Ortiga. Em entrevista ao “Diário do Minho”, o prelado descreve a actuação da Igreja timorense nas últimas semanas e o contributo que ela quer dar à sociedade quando Timor “desaparecer” dos noticiários, uma situação que preocupa bastante o Bispo de Baucau. D. Basílio do Nascimento apresentou hoje em Paredes, distrito do Porto, uma campanha de solidariedade para com o povo de Timor-Leste destinada a recolher bens como vestuário, calçado ou livros. Esta campanha, insere-se no projecto que está em curso desde o início do ano, denominado “Uma Fábrica para Timor”, e que tem como objectivo a construção de uma fábrica de mobiliário em Baucau (120 quilómetros a leste de Díli), que deverá ser inaugurada no final do próximo Verão. Amanhã, o Bispo de Baucau será recebido pelo Ministro português dos Negócios Estrangeiros, Diogo Freitas do Amaral, para discutir a situação em Timor-Leste, disse à Agência Lusa o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Segundo António Carneiro Jacinto, Freitas do Amaral pretende ouvir a opinião de D. Basílio do Nascimento sobre a crise timorense, num encontro previsto para as 12h00, seguido de conferência de imprensa. Solução para o conflito À margem da apresentação da campanha de solidariedade, em Paredes, D. Basílio disse aos jornalistas que Ramos Horta poderá ser uma boa solução para suceder ao Primeiro-ministro Mari Alkatiri, mas alertou que “não é a convocação de eleições antecipadas que vai resolver a situação”. “O clima de instabilidade continua, a insatisfação continua e, se calhar, a solução não passa pela demissão do Primeiro-ministro ou pela convocação de eleições antecipadas, há todo um contexto de que é necessário cuidar”, defendeu. Em Timor, o líder dos militares que abandonaram a cadeia de comando das Forças Armadas timorenses, major Alfredo Reinado, afirma estar disponível a pôr fim ao conflito, desde que haja negociações. “O conflito pode acabar, mas tem que haver negociações. Eu estou sempre pronto para negociar com as três autoridades que podem resolver este conflito: o presidente Xanana, Ramos Horta e a Igreja”, afirmou, esta quarta-feira, o major Reinado, em declarações à Agência Lusa.