O Bispo paraguaio D. Fernando Lugo fez ontem o registo formal da sua candidatura à presidência do país sul- americano, esperando acabar com 61 anos de poder absoluto do Partido Colorado e limpar o governo da corrupção. O prelado é oficialmente o candidato da coligação de esquerda Aliança Patriótica, que representa 11 sindicatos de trabalhadores e grupos indígenas. D. Lugo, opositor do presidente Nicanor Duarte Frutos, aparece como favorito em várias sondagens. O Vaticano suspendeu o Bispo, recusando o pedido de renúncia que o prelado apresentara e assinalando que a condição episcopal, uma vez assumida, é para toda a vida. Duarte Frutos foi recebido em Outubro de 2007 por Bento XVI, com quem passou em revista “a situação actual do país” sul-americano. As relações Igreja-Estado já conheceram melhores dias no Paraguai: ao longo dos últimos meses, o confronto que opõe Duarte Frutos à hierarquia católica intensificou-se, com novas acusações do político contra alguns bispos e sacerdotes, que considera estarem “metidos na política partidária”. As primeiras acusações de Duarte Frutos foram precisamente contra Fernando Lugo. O Direito Canónico determina que a renúncia apresentada por um Bispo possa ser concedida ou negada pelo Papa, que poderá ainda optar por suspendê-lo, como aconteceu com D. Fernando Lugo. O segundo parágrafo do Cânone 287 do CIC proíbe os clérigos de tomarem “parte activa” em partidos políticos, admitindo excepções quando assim “o exija a defesa dos direitos da Igreja ou a promoção do bem comum”, a juízo da autoridade eclesiástica. (Com Rádio Vaticano)