Bispo adverte para a iminência da “aniquilação total” no Sri Lanka

O bispo do norte do Sri Lanka, devastado pela guerra, escreveu ao presidente do país advertindo-o para o facto de mais de 100 mil pessoas enfrentarem “a aniquilação total” – a não ser que se proceda a uma evacuação imediata. Ao descrever a forma como o Governo e as forças rebeldes se preparam para a “batalha final”, a mensagem urgente de D. Thomas Savundaranayagam ao presidente Mahinda Rajapaksa é um pedido em nome do povo apanhados numa zona de guerra no Nordeste do país. A carta do Bispo de Jaffna, da qual foi enviada uma cópia para a Fundação AIS, chega numa altura em que as forças armadas do Governo com base em Colombo se preparam para uma declaração clara de intenções em relação aos Liberation Tigers of Tamil Eelam (LTTE), também conhecidos como Tamil Tigers (Tigres Tamil). Na carta, o bispo explica o seu receio pelas pessoas isoladas numa “zona segura” com uma extensão de cerca de 10 km no distrito costeiro de Mulaithivu. Sublinhando “a situação perigosa de aniquilação total de civis na zona não militarizada”, o bispo escreve: “O exército do Sri Lanka e os LTTE estão preparados para a batalha final”. “Uma vez que a situação é extremamente perigosa, solicitamos uma acção rápida e implacável para responder à presente necessidade vital de segurança dos civis.” A carta, da qual foi enviada uma cópia para o líder político dos LTTE, Balasingham Nadesan, apela às duas partes para que trabalhem em conjunto num plano para evacuar as pessoas, por terra ou por mar, para uma região segura nos distritos de Kilinochchi e Mulaithivu. Descreve também como até agora as forças do Governo têm ignorado os seus “pedidos repetidos para abrir um corredor seguro” para que as pessoas possam deixar a área: “Eles [Exército do Sri Lanka] persistiram em utilizar armamento pesado, como morteiros, e afastaram simplesmente as pessoas de um corredor seguro até ao momento presente.” Propondo um plano de emergência de cinco pontos a ser implementado “o mais depressa possível” por ambas as partes, juntamente com os observadores das Nações Unidas, o Bispo Savundaranayagam a fim de investigar a região e apresentar um relatório. Sublinha também que as pessoas na zona segura enfrentam uma crise humanitária “com muito poucas árvores com sombra para proteger do sol abrasador.” O bispo pede uma ajuda imediata do programa World Food Programme (Programa Mundial da Alimentação). Não é a primeira vez que o bispo intervém em nome dos que são afectados pelo conflito. Ao falar para a Fundação AIS no mês de Janeiro, explicou como o Governo resistiu às suas chamadas de atenção a fim de parar os bombardeamentos nas áreas habitadas por civis. D. Savundaranayagam já tinha feito várias abordagens em nome dos civis afectados pelos combates e desenvolveu uma missão na região, incógnito, com ajuda alimentar financiada pela Fundação AIS. D. Savundaranayagam tem sido muito crítico do conflito armado, dizendo que uma “solução militar nunca poderá estar na origem de uma solução duradoura para este problema”. No início de 1983, o conflito entre os Tigres Tamil e as forças do Governo parecia estar a dar lugar a um acordo de paz duradouro, depois de um cessar-fogo negociado em 2002. Mas em Janeiro de 2008, o Governo anunciou que renunciava às tréguas depois do cessar-fogo ter sido abertamente desrespeitado com uma escalada de violência em 2006. O conflito matou, pelo menos, 70.000 pessoas e centenas de milhares foram deslocados. Os Tigres Tamil, que combatem por uma pátria étnica independente, foram conduzidos para o norte distante no final de 2008. Os separatistas tamil pareciam estar à beira da derrota total no início de Janeiro depois do Governo ter capturado Kilinochchi, onde se situa a sede no Norte. Departamento de Informação da Fundação AIS

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