Biografia: De Joseph Ratzinger a Bento XVI

Renúncia do Papa Emérito aconteceu há cinco anos

Lisboa, 10 fev 2018 (Ecclesia) – Joseph Ratzinger nasceu em Marktl am Inn (Alemanha), no dia 16 de abril de 1927, um Sábado Santo, e passou a sua infância e adolescência em Traunstein, uma pequena localidade perto da Áustria.

Nos últimos meses da II Guerra Mundial (1939-1945), foi arrolado nos serviços auxiliares antiaéreos pelo regime nazi.

Juntamente com o seu irmão Georg, foi ordenado padre a 29 de junho de 1951; dois anos depois, doutorou-se em teologia com a tese ‘Povo e Casa de Deus na doutrina da Igreja de Santo Agostinho’.

De 1962 a 1965, participou no Concílio Vaticano II como ‘perito’, após ter chegado a Roma como consultor teológico do cardeal Joseph Frings, arcebispo de Colónia.

Em 25 de março de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o arcebispo de Munique e Frisinga; a 28 de maio seguinte, recebeu a sagração episcopal e escolheu como lema episcopal ‘Colaborador da verdade’.

O mesmo Paulo VI criou-o cardeal, no consistório de 27 de junho de 1977.

Em 1978, participou no Conclave, celebrado de 25 a 26 de agosto, que elegeu João Paulo I; este nomeou-o seu enviado especial ao III Congresso Mariológico Internacional que teve lugar em Guaiaquil (Equador) de 16 a 24 de setembro; mo mês de outubro desse mesmo ano, participou também no Conclave que elegeu João Paulo II.

O Papa polaco nomeou o cardeal Ratzinger como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, em 25 de novembro de 1981.

No dia 19 de abril de 2005 foi eleito como o 265.º Papa, sucedendo a João Paulo II; a 11 de fevereiro de 2013, Dia Mundial do Doente e memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, anunciou a renúncia ao pontificado, com efeitos a partir do dia 28 do mesmo mês, uma decisão inédita em quase 600 anos de história na Igreja Católica.

Bento XVI realizou 24 viagens ao estrangeiro, incluindo uma visita a Portugal, entre 11 e 14 de maio de 2010, com passagens por Lisboa, Fátima e Porto; assinou três encíclicas e presidiu a três Jornadas Mundiais da Juventude, para além de ter convocado cinco Sínodos de Bispos, um Ano Paulino, um Ano Sacerdotal e um Ano da Fé.

Bento XVI assinou três encíclicas e presidiu a três Jornadas Mundiais da Juventude, para além de ter convocado cinco Sínodos de Bispos, um Ano Paulino, um Ano Sacerdotal e um Ano da Fé.

As encíclicas, textos mais importantes do pontificado, começaram a ser publicadas em 2006, com a ‘Deus caritas est’ (Deus é amor), um texto breve que apresenta a ‘essência’ do Cristianismo.

‘Spe salvi’ (Salvos na esperança) é o título da segunda encíclica de Bento XVI, dedicada ao tema da esperança cristã, num mundo dominado pela descrença e a desconfiança.

A terceira encíclica, ‘Caritas in Veritate’ (A caridade na verdade), propõe uma nova ordem política e financeira internacional, para governar a globalização e superar a crise em que o mundo se encontra mergulhado.

Outra obra de grande impacto foi o livro-entrevista ‘Luz do Mundo’, de 2010, resultante de uma conversa com o jornalista alemão Peter Seewald, um registo que permitiu dar a conhecer Bento XVI e o seu pensamento sobre temas centrais para a Igreja e a sociedade.

Entre os temas centrais do pontificado estiveram as críticas ao relativismo e ao secularismo da sociedade ocidental, a preocupação com as questões bioéticas – aborto, eutanásia, investigação em embriões – e da família, para além da crise financeira e das questões ecológicas.

Face à crise provocada pelos casos abusos sexuais cometidos por membros do clero ou em instituições católicas de vários países, Bento XVI encontrou-se com vítimas em várias viagens, demitiu bispos e reformou a legislação da Igreja, neste campo.

A 28 de junho de 2016 fez-se história no Vaticano com o regresso do Papa emérito Bento XVI ao palácio apostólico, para uma homenagem por ocasião do seu 65.º aniversário de ordenação sacerdotal.

Ainda em 2016, Bento XVI falou publicamente, no livro-entrevista ‘Últimas conversas’, sobre a sua renúncia ao pontificado, em 2013, explicando que esta uma decisão amadurecida, que não vê como um “fracasso”.

O Papa emérito afirmou ainda que “nunca esteve em causa” a sua obediência a Francisco, ao qual agradece pela “benevolência” com que o tem tratado.

Já o Papa Francisco afirmou num texto de homenagem ao seu predecessor que a Igreja Católica tem uma “grande dívida” para com Bento XVI.

OC

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Agência ECCLESIA

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