Bioética: Igreja Católica rejeita estar em luta contra a ciência, diz responsável por congresso sobre células estaminais

Grupo apoiado pelo bispo da diocese italiana de Terni-Narni recebeu autorização para iniciar programa de experimentação clínica

Lisboa, 10 nov 2011 (Ecclesia) – O presidente da Academia Pontifícia para a Vida rejeita a ideia de que os católicos combatem a ciência no domínio da bioética, apresentando como prova o congresso sobre células estaminais adultas que decorre no Vaticano até sexta-feira.

O bispo espanhol Ignacio Carrasco de Paula sublinhou que o colóquio ‘Células estaminais adultas: Ciência e o futuro do homem e da cultura’, que reúne desde quarta-feira 350 especialistas, políticos, bispos e embaixadores, derruba a ideia de que a Igreja está “em confronto” com a ciência e permanece fechada numa atitude hostil, refere a Rádio Vaticano.

A Igreja considera que a pesquisa nas células estaminais adultas tem a vantagem de não interferir na vida desde a conceção, ao contrário das células retiradas de embriões, consideradas promissoras por parte da comunidade científica mas que acarretam a destruição desses embriões.

As células estaminais adultas, localizadas por exemplo na medula espinal, sangue e fígado, podem ser modificadas e formar tecidos com usos terapêuticos múltiplos, principalmente em pessoas com doenças cardíacas e diabetes, explicou o presidente da fundação norte-americana ‘Stem for Life’, Max Gomez.

“No campo da pesquisa médica a Igreja sabe que não existe alternativa à experimentação no homem, mas o fundamental é que o homem não deve jamais ser objeto, mas sujeito”, afirmou o cardeal italiano Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura, entidade que organiza o encontro.

O jornal L’Osservatore Romano, órgão oficial da Santa Sé, revela hoje que um grupo de cientistas coordenado e apoiado há anos por D. Vincenzo Paglia, bispo da diocese italiana de Terni-Narni, recebeu dos organismos competentes as autorizações para iniciar o programa de experimentação clínica de células estaminais adultas.

A prática consiste no transplante de células estaminais do cérebro humano na medula espinal de 18 pacientes com esclerose lateral amiotrófica, cuja seleção deve começar em dezembro.

RJM

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Agência ECCLESIA

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