Bienal/Veneza: Vaticano inaugurou pavilhão numa prisão feminina

Espaço quer ser «parábola que conta toda a vida», disse o cardeal Tolentino Mendonça

Veneza, Itália, 20 abr 2024 (Ecclesia) – A Santa Sé abriu hoje as portas do seu pavilhão no 60ª Exposição Internacional de Arte, a Bienal de Veneza, com um pavilhão dedicado aos Direitos Humanos na prisão feminina da Giudecca.

‘Com os meus olhos’ é o título da exposição, que tem como comissário o cardeal português D. José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé.

“Os artistas chegaram aqui de mãos vazias e recolheram as histórias de vida, as imagens, os gritos de dor, os espaços vazios e os desejos que nascem nestes corações que, com a ajuda da arte, se tornaram numa grande parábola”, indicou o colaborador do Papa, em declarações ao portal de notícias do Vaticano.

Segundo o cardeal português, as histórias das reclusas “tornaram-se a parábola que conta toda a vida”.

D. José Tolentino Mendonça admite que a escolha de uma prisão feminina foi uma provocação, mesmo para a arte contemporânea, tendo sido possível levar o projeto por diante graças à colaboração dos curadores e dos responsáveis da prisão.

“Com a ajuda da arte, apercebemo-nos de que o grande desafio é encontrar novas palavras, novas visões do mundo que façam justiça ao humano”, para contrariar a “cultura do desperdício”, acrescentou, à margem da inauguração do espaço.

A participação da Santa Sé na Bienal de Veneza, entre hoje e 24 de novembro de 2024, inclui workshops, instalações de arte, dança, cinema, performance e pintura e está em consonância com a construção de uma cultura de encontro, eixo central do magistério do Papa.

Francisco vai visitar o local a 28 de abril, na sua viagem a Veneza.

A exposição começa no exterior, com a fachada da igreja da Madalena e a obra que a cobre, da autoria de Maurizio Cattelan; no interior há imagens que se relacionam com a vida das reclusas e, na capela que já não tem culto, a artista brasileira Sónia Gomes apresenta as roupas destas mulheres, em tecidos coloridos.

Na sua viagem de seis horas a Veneza, Francisco vai encontrar-se com cerca de 80 reclusas, seguindo para a igreja da Madalena (Capela Prisão), onde será recebido por D. José Tolentino de Mendonça.

O cardeal português apresentará os artistas que participam da exposição, antes do discurso do Papa, que deixa a Ilha de Giudecca, em barco patrulha, para se dirigir à Basílica de Nossa Senhora da Saúde.

OC

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Agência ECCLESIA

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