Biblioteca do Vaticano fecha para obras

Hoje, dia 14 de Julho, a Biblioteca Apostólica do Vaticano encerra as portas, durante três anos, para que sejam efectuados trabalhos de restauro considerados inadiáveis pelos seus responsáveis. A Biblioteca do Vaticano, a mais antiga da Europa e uma das mais importantes do mundo, é famosa pelos seus manuscritos antigos. Já no século IV, está atestado o “scrinium” da Igreja Romana, que servia tanto de Biblioteca como de Arquivo. A fundação oficial data de 1450, sob o pontificado de Nicolau V, com 350 manuscritos em latim. Na época da morte do pontífice, a biblioteca já tinha crescido para 1500 códices e era a maior da Europa. Em 1475, o seu sucessor, Sixto IV, fiel ao espírito renascentista, decidiu permitir o acesso dos eruditos aos 2524 textos santos e profanos ali reunidos. No começo, a biblioteca teve um carácter especial, sendo composta por Bíblias e trabalhos teológicos, mas especializou-se em trabalhos seculares, sobretudo, os clássicos em grego e em latim. Hoje, a Biblioteca é conhecida pela sua colecção de manuscritos raros, muitos deles ilustrados com belíssimas iluminuras. Ali se conservam actualmente 1,6 milhões livros antigos e modernos, 8330 incunábulos(livros impressos nos primórdios da imprensa, por volta do século XV), entre os quais várias dezenas de pergaminhos, mais de 150 mil manuscritos e documentos de arquivos, assim como 100 mil documentos impressos, 300 mil moedas e medalhas e 20 mil objectos de arte. Uma das peças mais importantes da Biblioteca do Vaticano é o Codex B – a Bíblia completa – isto é, com o Antigo e o Novo Testamento – mais antiga da história de que se tem conhecimento, datada de 325. Além disso, a Biblioteca possui 300 000 medalhas e moedas da era romana, embora a maioria das peças mais valiosas se tenha perdido quando Napoleão invadiu a Itália. Curiosidades A Biblioteca começou a colocar chips em todos os livros que possui. Os pequenos transmissores, que emitem ondas de rádio a centros de monitoramento, permitirá que os bibliotecários saibam se falta algum livro. A nova tecnologia conhecida como RFID, baseia-se em chips que armazenam informações sobre o produto, neste caso livros e documentos, e que podem ser lidos através de sinais de rádio, com computadores ou sensores, sem necessidade de contacto físico entre o mecanismo de leitura e os objectos. Noutro âmbito, foi desenvolvido por cientistas norte-americanos um complexo projecto de microfilmagem dos tesouros bibliográficos da Biblioteca Vaticana, sobretudo dos manuscritos. Tal trabalho possibilita aos interessados cópias em microfilme dessas fontes históricas de informação, poupando-os a uma viagem a Roma. A Biblioteca ocupa uma série de salões dentro da Cidade do Vaticano, ao lado dos museus. Nenhuma das peças pode sair do recinto e as regras de uso dos livros e manuscritos são estritas: não se permitem esferográficas, comidas nem bebidas no salão de leitura. Durante os trabalhos de restauro muitos livros serão transferidos para outras salas do Vaticano, mas os manuscritos e os inconábulos serão visíveis apenas na sua reprodução fotográfica. Haverá “grandes trabalhos” no complexo, que exigem o encerramento da Biblioteca: reforço de pavimentos e estruturas, junto da sala de consulta dos manuscritos e dos laboratórios de restauro e fotográfico. As obras estendem-se ao local onde estão depositadas as publicações periódicas.

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Agência ECCLESIA

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