Bíblia/Portugal: Comissão publicou nova tradução do Livro de Job

«Espelha a experiência do ser humano de todos os tempos: um incompreensível silêncio de Deus», explica comissão coordenadora da tradução da Bíblia

Fátima, 02 jan 2025 (Ecclesia) – A comissão coordenadora da tradução da Bíblia, da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), lançou hoje a nova versão do texto bíblico do Livro de Job (Jb), “não se sabe quem foi o autor do livro, nem em que época apareceu”.

“A narrativa espelha as circunstâncias dolorosas de um ser humano justo e bom, que, depois de ter sido privado de todos os seus bens, filhos e saúde, viu premiada a firmeza da sua fé. No interior desta narrativa, autores sucessivos inseriram uma longa série de diálogos e reflexões sobre uma das questões mais incisivas: a da justiça divina perante o sofrimento do justo e inocente”, explica uma nota enviada à Agência ECCLESIA, pelo Secretariado Nacional da Liturgia (SNL).

A comissão coordenadora da tradução da Bíblia da CEP contextualiza que o ‘Livro de Job’ recebe o nome da sua personagem principal, “um tal Job, ‘servo de Deus’”, mas, “não se sabe quem foi o autor do livro, nem em que época ele apareceu”.

“O livro é composto por um longo diálogo poético, precedido e seguido de uma breve narrativa em prosa, centrada numa descrição da identidade do protagonista, da maneira como foi colocado à prova e finalmente recompensado pela sua justiça”, acrescenta.

A comissão coordenadora da tradução da Bíblia explica que o atual livro de Job “espelha a experiência do ser humano de todos os tempos”, a de um “incompreensível silêncio de Deus” perante o sofrimento que atinge um inocente, “um ser humano bom e íntegro”.

“Esta experiência é revista à luz dos parâmetros da tradição bíblica da retribuição do comportamento humano, onde o sofrimento era considerado como uma punição do pecado. Esta conceção é partilhada pelos três amigos de Job, que dominam o drama no interior do livro, e por um quarto sábio que se propõe oferecer a Job sabedoria e compreensão. Os argumentos esgrimidos em defesa de uma justiça intocável de Deus e a alegação de que o sofrimento do ser humano é sempre consequência de uma culpa é contestada por Job”, desenvolve.

Segundo a nota, todos, Job e os seus amigos, posicionam-se “tendo Deus como horizonte”, porém a partir de ângulos diversos: “os amigos são pela defesa teórica da justiça divina, Job é pelo questionamento árduo e veemente do sofredor”, os seus diálogos, ou sequência de monólogos justapostos, “terminam sem uma resposta”.

“Finalmente Deus, desafiado por Job, irrompe na narrativa, não para responder diretamente às muitas perguntas de Job, mas para colocar diante dele o mistério insondável do seu poder criador”, acrescenta o comunicado da comissão coordenadora da tradução da Bíblia.

Em março de 2019, a Conferência Episcopal Portuguesa apresentou o primeiro volume da nova tradução da Bíblia em português feita por 34 investigadores a partir das línguas originais, com a publicação da edição de ‘Os Quatro Evangelhos e os Salmos’.

A comissão responsável pela nova tradução da Bíblia, coordenada pelo padre Mário de Sousa (Diocese do Algarve), lembra que se tratava de uma tradução ad experimentum, “colocada à apreciação dos leitores de língua portuguesa, cristãos ou não”, e a escolha desses cinco livros para publicação teve a ver com “o lugar especial que os Evangelhos e os Salmos ocupam na Liturgia cristã”, são os textos bíblicos mais lidos, refletidos e rezados.

Desde agosto de 2021, um novo livro da Bíblia é disponibilizado mensalmente em formato digital, para download na página na internet da Conferência Episcopal Portuguesa, e divulgado pela Agência ECCLESIA.

A comunidade é convidada a envolver-se neste processo de tradução e revisão de cada documento, “as achegas e comentários” devem ser enviados através do endereço eletrónico biblia.cep@gmail.com.

CB

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Agência ECCLESIA

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