Padre Mário Sousa faz balanço do projeto iniciado em 2012, que está «bem adiantado», com os livros praticamente «todos traduzidos»

Lisboa, 09 nov 2025 (Ecclesia) – O ccoordenador da comissão responsável pela nova tradução da Bíblia manifestou, em declarações à Agência ECCLESIA, a vontade de apresentar o resultado do processo da nova edição da Sagrada Escritura em português na Páscoa de 2026.
“O nosso desejo é que possamos entregar à Conferência Episcopal, embora depois ainda faça falta fazer algum trabalho de burilamento a nível do grafismo, das normas de harmonização daquilo que tem a ver com a parte técnica, mas a nossa ideia, o nosso desejo, é na próxima Páscoa podermos apresentar o trabalho destes anos”, afirmou o padre Mário Sousa.
O especialista explica que o projeto, que remonta a 2012, quando a CEP decidiu promover uma nova tradução do texto para uso oficial da Igreja Católica em Portugal, está, neste momento, “bem adiantado”.
“Quando decidimos começar a publicar na Ecclesia no dia 1 de cada mês, um dos livros da Bíblia, fruto dessa tradução, isto marcou, de facto, um ritmo que nos ajudou a todos, à comissão coordenadora e a todos aqueles que colaboram, a marcar também um ritmo nos seus trabalhos”, indicou.
Desde agosto de 2021, um novo livro da nova tradução da Sagrada Escritura é disponibilizado mensalmente em formato digital e divulgado pela Agência ECCLESIA.
O padre Mário Sousa refere que, atualmente, o “Novo Testamento está pronto” e pode ser encontrado “na página da Conferência Episcopal, no separador Bíblia, precisamente para poder estar disponível para as considerações e para as avaliações dos leitores”.
“Aquilo que agora está já é resultado de uma primeira aproximação e de umas primeiras achegas que quem leu a primeira versão nos fez chegar, e de facto foi muito enriquecedor, a todos os níveis”, salientou.
O presidente da Associação Bíblica Portuguesa assume que “o trabalho tem disso um bocadinho mais lento”, porque a comissão considerou “importante” que este fosse “sinodal”.
É um livro da Igreja e para a Igreja, e por isso não pode ser tratado apenas por uns quantos, porque a palavra de Deus, para ser palavra através da qual Deus fala, é preciso que seja compreensível”, realçou.
O padre Mário Sousa reforça que quando uma tradução “não ajuda a esta compreensibilidade, então é preciso dar-lhe um retoque para que, mantendo a fidelidade original, Deus possa exatamente falar ao seu povo ou às pessoas de boa vontade através daquela palavra”.
No momento presente, faltam publicar “muito poucos livros”, dá conta o responsável, que esclarece que estão “praticamente todos traduzidos”.
“A Comissão do Novo Testamento, à qual presido, que já terminou o seu trabalho, está a colaborar na tradução dos livros gregos do Antigo Testamento. Praticamente estão revistos o Livro da Sabedoria, o I e a II Macabeus, o Ben Sira, falta-nos Baruc, agora falta-nos Judite e Tobias, que são dois livros pequeninos”, assinala.
Fazendo um balanço do projeto, o presidente da Comissão Coordenadora da Tradução da Bíblia da Conferência Episcopal Portuguesa reconhece que “tem sido um processo muito enriquecedor para todos, para os tradutores, para os revisores e para a Comissão de Coordenação”.
O padre Mário Sousa realça o “trabalho em conjunto”, que envolveu biblistas portugueses, mas também brasileiros e de Angola: “Quisemos englobar também dos outros países de língua oficial portuguesa, mas não foi possível, porque também não são assim tantos os biblistas de língua portuguesa”.
“Mas, de facto, foi enriquecedor, porque a forma como o português se expressa também corresponde a formas de sentido e de estar diferentes”, descreveu.
O docente da Sagrada Escritura salienta que este “foi um processo inovador”, de tal maneira que, inclusive, a comissão responsável pela nova tradução da Bíblia foi interpelada pela Rádio Vaticano.
Nunca tinha acontecido uma tradução da Bíblia ser exposta para a consideração e ao enriquecimento das pessoas, de todos, como tem sido e continua a ser”, sublinha.
Sobre a participação do público na nova tradução, o padre Mário Sousa menciona que há pessoas que têm colaborado “com dedicação”, com maior sensibilidade para determinados livros.
“Os Evangelhos e os Salmos, naturalmente, que têm, de facto, uma apetência para atrair com muito mais intensidade as pessoas, porque são livros especiais”, disse, acrescentando que a comissão tem recebido achegas sobre quase todos os textos, que têm sido “muito úteis”.
A tradução provisória dos vários textos bíblicos está disponível para download no site da Conferência Episcopal Portuguesa.
LJ/OC
