Padre José Tolentino Mendonça destaca capacidade de Joseph Ratzinger em comunicar «para fora das fronteiras» da Igreja
Lisboa, 11 fev 2013 (Ecclesia) – O diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC) encara a resignação de Bento XVI, hoje revelada no Vaticano, como um ato de “grande responsabilidade e amor à Igreja”.
Em declarações prestadas à página do SNPC, o padre José Tolentino Mendonça realça que as razões apontadas para a resignação do Papa, falta de “forças” e “idade avançada”, fazem brilhar “de forma ainda mais intensa, o contributo que Bento XVI traz para a Igreja deste tempo”.
O sacerdote e poeta madeirense teve oportunidade de se encontrar com o Papa na última quinta-feira em Roma, durante uma assembleia plenária do Conselho Pontifício para a Cultura, organismo no qual exerce a função de conselheiro.
Segundo o responsável português, o discurso de Bento XVI durante a audiência “foi de grande empatia” em relação “com o mundo da Cultura”, à semelhança do que aconteceu durante o seu “pontificado”, onde sempre concedeu “particular importância” a esta área.
Na memória, o diretor do SNPC guarda particularmente “o encontro de Bento XVI com o mundo da Cultura em Lisboa, aquando da sua visita a Portugal em maio de 2010, o encontro com os artistas na Capela Sistina, no Vaticano, e a nomeação de Gianfranco Ravasi para presidir ao Pontifício Conselho da Cultura”.
O também vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa destaca ainda a “forma como Bento XVI exerceu o seu magistério” e a sua capacidade de “sair para fora das fronteiras” da Igreja, já que muitos dos seus livros conseguiram ter “grande circulação mundial, até mais do que as suas encíclicas”.
Esta manhã, durante um Consistório público para a promulgação de três novos santos da Igreja Católica, o Papa transmitiu aos membros do colégio cardinalício a sua intenção de abdicar do cargo a partir de 28 de fevereiro, abrindo assim caminho para a eleição de um novo Papa.
A resignação de Bento XVI vai ter efeito a partir das 20h00 (menos uma em Lisboa) daquele dia, data em que a Igreja ficará em estado de “Sé Vacante” até que um novo Papa seja escolhido através de um Conclave eleitoral.
O Código de Direito Canónico, prevê a possibilidade jurídica de renúncia por parte do Papa e esta renúncia não precisa de ser aceite por ninguém para ter validade, como indica o Cânone 332.
O que se exige é que o Papa renuncie livremente e que manifeste a sua decisão de modo claro e público, como aconteceu esta manhã no Vaticano.
Joseph Ratzinger, eleito em abril de 2005 para suceder a João Paulo II, completa 86 anos de idade dentro de 2 meses.
O último caso de renúncia, situação pouco comum na história da Igreja, tinha sido o do Papa Gregório XII, em 1415.
SNPC/JCP