D. Jorge Ortiga acredita que haverá resposta positiva dos portugueses à visita do Papa
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Jorge Ortiga, considera que a próxima visita de Bento XVI ao nosso país poderá ser um momento de alento e de esperança num momento de crise.
“Numa altura que, queiramos ou não, reconhecemos como de crise, de uma certa perplexidade e, para algumas pessoas, até de um certo medo perante o amanhã e perante o futuro, a presença do Santo Padre será também um momento de esperança”, afirma o Arcebispo de Braga.
Para o presidente da CEP, entrevistado pela Agência ECCLESIA, “a mensagem que o Santo Padre vai trazer ao país, particularmente aos católicos, dará um pouco mais de tranquilidade ao momento que estamos a viver”.
Este responsável considera ser legítimo “pedir também aos portugueses em geral que se abram a essa mensagem, se não para a aceitar, pelo menos para a acolher e reflectir”.
“Creio que é um momento de grande alegria e estou plenamente convencido de que será uma ocasião de festa”, assinala, sem recear eventuais manifestações de contestação contra o Papa.
D. Jorge Ortiga acredita que “o povo português irá corresponder a esta vinda do Santo Padre, acolhendo a sua mensagem e manifestando a grande alegria de o termos entre nós”.
“Queremos caminhar com o Papa e sabemos que ele quer caminhar connosco, particularmente na área da missão da Igreja, que tem de ser desempenhada com autenticidade, com verdade, com responsabilidade”, prossegue.
A visita de Bento XVI será ocasião para abordar temas relacionadas com a relação Igreja-Estado, nos quais pontificam a Concordata assinada em 2004.
O Arcebispo de Braga admite a existência de “alguns aspectos que precisam de ser equacionados, como o património e as aulas de Moral”, recordando, no entanto, que “já há regulamentação na parte hospitalar e nos estabelecimentos militares e prisionais”.
“A própria Concordata estabelece uma comissão paritária que já está a trabalhar no sentido de interpretar os textos. Infelizmente, a comissão bilateral ligada ao património não tem funcionado”, assinala.
Abordando diversos temas ao longo da entrevista, D. Jorge Ortiga sublinha que “a Igreja Católica já não é uma força maioritária”.
“Ela tem de se situar também num contexto de adversidades e contratempos, porque nem tudo facilita o encontro com a própria fé”, indica.
O confronto “com uma mentalidade nova” deve levar a Igreja a procurar “respostas, pelo diálogo e o conhecimento multidisciplinar”.
Dutante a visita, o Papa irá reunir-se com os Bispos portugueses em Fátima, o que acontece pela primeira vez desde a visita dos membros da CEP ao Vaticano, em 2007, quanto, entre outras recomendações, Bento XVI apelou a um “recto ordenamento da Igreja”.
“Pessoalmente estou convencido que o Santo Padre estava a dizer-nos que seria necessário encontrar formas novas de assistência às pessoas que vivem nas paróquias pequenas, algumas situadas em zonas totalmente desertificadas”, precisa D. Jorge Ortiga.
Nessa reorganização, acrescenta, “é preciso acreditar que um padre é muito mas não é tudo”.
“Um leigo tem também o seu lugar, o seu espaço, as suas responsabilidades e terá de assumi-las”, defende, admitindo que essa função se alargue às celebrações dominicais, mas dando como “encerrado” o tema da ordenação sacerdotal de mulheres.
Ao longo das próximas semanas, a Agência ECCLESIA vai publica entrevistas ao bispos das dioceses que acolhem o Papa.
A visita de Bento XVI a Portugal decorre de 11 a 14 de Maio, com passagens por Lisboa, Fátima e Porto.