Bento XVI sublinha importância do diálogo com o Islão

Bento XVI considera que o diálogo com o Islão é uma “necessidade vital” para o futuro da humanidade e sublinhou que cristãos e muçulmanos “pertencem à família humana de quantos acreditam no único Deus”. Numa conferência de imprensa concedida após o encontro com o Grão-mufti Ali Bardakoglu, maior autoridade islâmica da Turquia, o Papa falou do “recíproco respeito e estima” como base para a colaboração em favor da paz entre povos e Nações. Destacando que os fiéis das duas religiões podem chamar a atenção de todos “sobre a verdade do carácter sagrado e da dignidade da pessoa”, Bento XVI desafiou cristãos e muçulmanos a procurar definir “um itinerário comum” para responder às aspirações da humanidade dos nossos dias: “justiça, desenvolvimento, solidariedade, liberdade, segurança, paz, defesa do ambiente e dos recursos da Terra”. “Somos chamados a trabalhar em conjunto, bem como a ajudar a sociedade a abrir-se ao transcendente, reconhecendo a Deus omnipotente o lugar que lhe cabe”, acrescentou. O “diálogo autêntico” entre cristãos e muçulmanos deve, segundo o Papa, ser “baseado sobre a verdade e inspirado pelo sincero desejo de se conhecerem melhor, respeitando as diferenças e reconhecendo o que têm em comum”. Bento XVI manifestou-se “grato” pela oportunidade de visita um país “tão rico de história e de cultura”, e manifestou a Ali Bardakoglu, presidente para os assuntos religiosos, a sua “estima particular e afectuosa consideração” pela “nobre terra” da Turquia. Sublinhando o “florescimento da civilização islâmica”, o Papa quis também referir que na Turquia viveram “muitas das primeiras comunidades da Igreja”, com destaque para a pregação de São Paulo e São João, para além da tradição que afirma que “Maria, Mãe de Jesus, viveu em Éfeso, na casa do Apóstolo João”. O Papa citou o Beato João XXIII, que escreveu: “Amo os turcos, aprecio as qualidades naturais deste povo que tem também o seu lugar preparado nas estradas da civilização”. Noutra citação, Bento XVI lembrou um dos maiores Papas da História, Gregório VII, que em 1076 escrevia a um príncipe muçulmano no Norte de África, falando da “especial caridade que cristãos e muçulmanos devem ter entre si, reciprocamente, porque «nós acreditamos e confessamos um só Deus, mesmo se de forma diversa»”. O Papa não deixou de abordar a questão da liberdade religiosa, pedindo que seja “garantida institucionalmente e efectivamente respeitada”. Ali Bardakoglu sublinhou, por seu lado, que a Turquia “há séculos faz conviver diversas religiões e culturas” e que as heranças do Islamismo, do Cristianismo e do Judaísmo não se perderam. Aludindo às figuras de Abraão, Moisés, Jesus e Maomé, este responsável islâmico frisou que as mesmas nos “chamam para a paz, para a convivência serena”, lamentando que, ao longo dos últimos anos, se tenha associado o Islamismo ao terrorismo.

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