Papa falou ao Cón. António Rego sobre a vinda a Fátima, que em Roma participou na Assembleia Plenária do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais
O Papa tem muito presente a vinda a Portugal, em Maio próximo. Isso pôde testemunhar o Cón. António Rego, que em Roma participou na Assembleia Plenária do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais.
No último dia, os membros desta Assembleia foram recebidos por Bento XVI. O Papa, ao trocar algumas impressões com o Cón. Rego, referiu sorrindo a vinda a Fátima. “Eu vou a Fátima em Maio”, disse. “Vê-se que ele tem muito presente a vinda a Portugal”, afirmou o director do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja à Agência ECCLESIA.
Os membros da assembleia foram recebidos pelo Papa, que na sua alocução referiu-se à “verdadeira revolução” que acontece no âmbito das Comunicações Sociais, considerando que as novas tecnologias colocam sérios desafios à Igreja Católica.
Novo documento sobre a relação entre Igreja e os media
O Cón. António Rego foi uma das cerca de 40 pessoas de cinco continentes presentes na assembleia plenária do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais, na qualidade de consultor daquele organismo.
Durante o encontro, que ocorreu entre 26 e 29 de Outubro, foi divulgada a acção da Igreja Católica na televisão, internet, cinema e rádio, incluindo uma referência às produções que o Vaticano envia para a Mundovisão e à actividade da Rede Informática da Igreja na América Latina.
Os membros da assembleia analisaram e aperfeiçoaram o texto sobre a Igreja e as comunicações sociais, que será publicado em Junho do próximo ano. “Não será um documento para ser só lido e arrumado, dado que ele se cruzará com uma realidade que ultrapassa o âmbito católico, relacionando-se com a pertença do ser humano a este tempo e a estas circunstâncias”, explicou o padre açoriano.
O programa da reunião incluiu a evocação dos 50 anos da Filmoteca Vaticana, tendo sido projectadas imagens e documentários sobre a acção do Papa Pio XII em favor das vítimas da II Guerra Mundial, bem como acerca do Concílio Vaticano II.
Esta foi a primeira vez que a assembleia plenária se reuniu sob a direcção do arcebispo D. Claudio Maria Celli, novo presidente do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais.
Sem comunicação não há cristianismo
“A Igreja em Portugal devia dar muito mais atenção à comunicação, porque sem ela não há cristianismo”, afirmou o Cón. António Rego à Agência ECCLESIA.
“Deus, Cristo e a Trindade são comunicação, o mesmo se passando com a mensagem evangélica e com a experiência de oração. Não há nenhum segmento da vida, quer cristã quer humana, que não se entrecruze com ela.”
“É preciso fazer uma conversão também no interior da Igreja, para perceber que a comunicação faz parte do quotidiano, não sendo um elemento que vem de vez em quando para nos incomodar”, explicou.
Neste sentido, “a Agência ECCLESIA tem que ser muito melhor, mais interveniente, captar mais notícias e encontrar melhores meios de o fazer”. Mas a relevância da comunicação também diz respeito ao “prior de aldeia, que faz o boletim paroquial, ao qual tem que dar uma dimensão comunicativa e participativa”.
Comunicação social da Igreja em Portugal
No que se refere à intervenção da Igreja nos meios de comunicação social, “penso que Portugal está na vanguarda. Em relação à rádio, não temos tantas estações católicas como noutros países da Europa”, afirmou o Cón. António Rego, que sublinhou o papel da Associação das Rádios de Inspiração Cristã e destacou a transmissão das celebrações litúrgicas nos media. A presença da Igreja nos meios de comunicação públicos “é das melhores do mundo, em quantidade e em qualidade”.
No entanto, “ainda temos muito que aprender no acesso aos media para comentar, debater, intervir e estar ao lado do mundo laico nas questões religiosas”. “A sociedade está toda em movimento”, e essa realidade constata-se “nos blogues, nos fóruns, na rádio e na televisão”, onde a Igreja deve também estar presente, referiu o membro do Cabido do Patriarcado de Lisboa.
Todos somos comunicadores
A Igreja tem a consciência de que “todos somos comunicadores”, pelo que quer estar atenta aos novos media que integram a cultura digital em que vivemos.
Para o realizador de rádio e de televisão, os organismos eclesiais devem aderir às tecnologias mais recentes, inserindo-as plenamente nas suas estratégias de anúncio da mensagem cristã. Por outro lado, a Igreja é chamada a aproximar-se criticamente dessas novas ferramentas, reflectindo sobre as suas implicações humanas, culturais e pedagógicas.
“Mais do que novas tecnologias, temos uma nova visão antropológica, um novo sistema cultural, um novo paradigma de vida. Não é só carregar nos botões e mexer nos computadores”, declarou o Cón. António Rego. “Às vezes as pessoas pensam que os bons comunicadores são aqueles que dominam os meios mais recentes; não é nada disso; é, antes, saber estar integrado neste todo que é a comunicação”, acrescentou.
Foto: Bento XVI recebe membros do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais. 29.10.2009