D. Carlos Azevedo elogia desapego do poder manifestado pelo Papa
Cidade do Vaticano, 11 fev 2013 (Ecclesia) – O bispo português D. Carlos Azevedo, delegado do Conselho Pontifício da Cultura (Vaticano), disse hoje que a renúncia de Bento XVI ao pontificado é “um gesto surpreendente de lucidez”.
O responsável da Cúria Roma, coordenador geral da visita que o Papa realizou a Portugal em maio de 2010, fala numa “atitude reveladora da grandeza de alma e liberdade, capaz de reconhecer que a missão de sucessor de Pedro exige mais energia física e anímica”.
Para D. Carlos Azevedo, Bento XVI, o “grande intelectual europeu deste momento”, mostrou “grande amor à Igreja a quem serve com a humildade da natureza humana, sujeita à debilidade física”.
“Este desapego do poder em nome do bem comum é exemplar”, conclui.
Bento XVI anunciou hoje a sua decisão de resignar ao pontificado a partir do dia 28 de fevereiro, abrindo assim caminho para a eleição de um novo Papa.
“Cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino”, referiu, em latim, numa reunião com cardeais.
O Papa revelou a sua decisão durante o consistório (encontro com cardeais) que tinha sido convocado para decidir três causas de canonização.
O Código de Direito Canónico, prevê a possibilidade jurídica de renúncia por parte do Papa e esta renúncia não precisa de ser aceite por ninguém para ter validade, como indica o Cânone 332.
O que se exige é que o Papa renuncie livremente e que manifeste a sua decisão de modo claro e público, como aconteceu esta manhã no Vaticano.
“Bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de bispo de Roma, sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos cardeais em 19 de abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de fevereiro de 2013, às 20h00, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice”, declarou Bento XVI.
O último caso de renúncia, situação pouco comum na história da Igreja, tinha sido o do Papa Gregório XII, em 1415.
Joseph Ratzinger, que foi eleito em abril de 2005 para suceder a João Paulo II, vai completar 86 anos de idade dentro de 2 meses.
OC