Media do Vaticano destacam ineditismo da decisão do atual Papa
Cidade do Vaticano, 11 fev 2013 (Ecclesia) – O portal de notícias do Vaticano apresentou hoje a renúncia de Bento XVI ao pontificado como um facto “virtualmente sem precedentes” na história da Igreja Católica.
O site ‘news.va’ recorda que nos últimos 600 anos nenhum Papa tinha resignado, mas nos mais de 260 sucessores de São Pedro como bispo de Roma houve “pelo menos quatro” que deixaram o cargo.
Já o jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’, sustenta que “na realidade, a reconstrução histórica dos casos em que um pontificado foi interrompido antes da morte do Papa conduz a pouquíssimas figuras e em nenhum caso a uma situação como a que se verificou com a decisão de Bento XVI”.
Segundo o periódico, o papado começou em anos “absolutamente incertos sob o ponto de vista da documentação histórica com as dúvidas sobre a correta reconstrução histórica da sucessão que leva de Pedro a Clemente”.
Um dos casos mais importantes de renúncia e o último antes de Bento XVI aconteceu em 1415, “quando a resignação do Papa Gregório XII (induzida pelo Concílio de Constância) favoreceu a recomposição do cisma do Ocidente”, divisão entre católicos que obedeciam ao Papa de Roma e ao ‘antipapa’ de Avinhão, fomentada por questões políticas.
As outras figuras ligadas à renúncia papal são Ponziano (235), Silvério (537) e Bento IX (1044), para além do caso mais conhecido, Pietro del Morrone, São Celestino V.
Em abril de 2009, Bento XVI realizou um gesto simbólico ao depositar o pálio – insígnia pessoal e de autoridade – junto da porta santa da Basílica de de Collemaggio, de L’Aquila (Itália), que lhe fora imposto no dia do início de pontificado, em cima do relicário com os restos mortais do Papa Celestino V (1215-1296), pontífice que governou a Igreja Católica apenas durante uns meses, em 1294.
Bento XVI vai permanecer no pleno exercício das suas funções até 28 de fevereiro, altura em que se inicia a situação de Sé vacante.
Bento XVI anunciou hoje a sua decisão de resignar ao pontificado a partir do dia 28 de fevereiro, abrindo assim caminho para a eleição de um novo Papa.
“Cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino”, referiu, em latim, numa reunião com cardeais.
O Papa revelou a sua decisão durante o consistório (encontro com cardeais) que tinha sido convocado para decidir três causas de canonização.
O Código de Direito Canónico, prevê a possibilidade jurídica de renúncia por parte do Papa e esta renúncia não precisa de ser aceite por ninguém para ter validade, como indica o Cânone 332.
OC