Bento XVI: religiões unidas pelas causas da paz

Bento XVI e Crisóstomo II, Arcebispo Ortodoxo do Chipre, defenderam hoje que os cristãos e os fiéis de todas as religiões devem desempenhar um papel de “pacificação na justiça e na solidariedade”, em todo o mundo. Na declaração comum, que assinaram esta manhã no Vaticano, os dois líderes lembram as tensões e os “trágicos problemas quotidianos” no Chipre, para além da situação no Médio Oriente, marcada pela guerra e os confrontos que trazem “consequências trágicas”. “Que a fé no Deus único ajude os homens destas antigas e ilustres terras a reencontrar uma convivência amigável, no respeito recíproco e numa colaboração construtiva”, prosseguem. O apelo é dirigido “a todos os que, em qualquer parte do mundo, levantam a mão contra os próprio irmãos”, pedindo que “deponham as armas e ajam para que sejam saradas as feridas causadas pela guerra”. Além disso, exige-se respeito pelos Direitos Humanos em todas as nações, incluindo o da liberdade religiosa. Não faltou, na Declaração Comum, uma referência à construção da União Europeia, de que a República de Chipre faz parte. “Cristãos e ortodoxos são chamados a contribuir para criar um clima de amizade e cooperação. Num tempo de crescente secularização e relativismo, católicos e ortodoxos na Europa são chamados a oferecerem um renovado testemunho comum dos valores éticos, sempre prontos a dar razão da sua fé em Jesus Cristo, Senhor e Salvador”, referem. “A União Europeia, que não poderá limitar-se a uma cooperação meramente económica, necessita de sólidas bases culturais, de referências éticas partilhadas e de abertura à dimensão religiosa. Há que vivificar as raízes cristãs da Europa, que tornaram grande através dos séculos a sua civilização, e reconhecer que a tradição cristã ocidental e a oriental têm, neste sentido, uma importante tarefa comum a desempenhar”, diz ainda o documento. Unidade Antes da assinatura da declaração, ambos trocaram discursos, considerando a visita como um dom do “Deus da esperança e da consolação”. Bento XVI frisou que “não obstante a presença de seculares divisões, de caminhos divergentes, e apesar da fadiga de cicatrizar dolorosas feridas, o Senhor não cessou de guiar os nossos passos na via da unidade e da reconciliação”. “E isto é para todos nós motivo de consolação, porque o nosso encontro de hoje se insere num caminho de busca cada vez mais intensa daquela plena comunhão tão desejada por Cristo”, disse. Considerando que “a adesão a este ardente desejo do Senhor não pode e não deve ser proclamada apenas com palavras e de mera maneira formal”, o Papa registou com apreço o facto de o Arcebispo Crisóstomo II não ter “vindo de Chipre a Roma simplesmente para um intercâmbio de cortesia ecuménica, mas sim para reafirmar a firme decisão de perseverar na oração e para que o Senhor nos indique como chegar à plena comunhão”. Para o Papa, “urge encontrar uma linguagem nova para proclamar a fé que nos congrega, uma linguagem partilhada, uma linguagem espiritual capaz de transmitir fielmente as verdade reveladas, ajudando-nos assim a reconstruir, na verdade e na caridade, a comunhão entre todos os membros do único Corpo de Cristo”. Em relação à visita de Crisóstomo II, referiu que a mesma é “uma iniciativa mais do que nunca útil para nos fazer progredir em direcção à unidade querida por Cristo”. O Arcebispo Ortodoxo de Chipre explicou que veio a Roma para construir “novas pontes de reconciliação, colaboração e amor”.

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