Bento XVI recebeu presidente do Chipre

O diálogo ecuménico e inter-religioso foi um dos principais temas no encontro desta Sexta-feira, que juntou numa audiência Bento XVI e o presidente da República do Chipre, Demetris Christofias. O presidente cipriota, acompanhado pelo ministro de Assuntos Exteriores, Markos Kyprianou, esteve também com o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, e com o arcebispo Dominique Mamberti, secretário para as Relações com os Estados. Segundo um comunicado divulgado pela Santa Sé, o encontro “cordial”, apontou “a importância das boas relações entre os católicos e os ortodoxos e entre os cristãos e os muçulmanos, chamados a colaborar a favor do bem da sociedade e da convivência pacífica entre os povos”. Bento XVI e o presidente do Chipre abordaram “alguns temas sobre a situação do país e seu futuro”. O presidente “não deixou de informar sobre as condições de numerosas igrejas e edifícios cristãos do norte da ilha”, que se encontram destroçados na região de domínio turco, e ambos “compartilharam o desejo de que as negociações em curso entre as partes possam levar à solução da questão cipriota”. O Chipre, uma colónia britânica até 1960, dividiu-se depois da independência entre a população de origem grega e a de origem turca. Após uma série de conflitos entre ambas as comunidades, em 1974 a Turquia invadiu o norte do país, constituindo a República Turca do Norte do Chipre, não reconhecida pela comunidade internacional. Durante a audiência, aponta o comunicado, foram trocadas “ideias sobre a situação internacional, nomeadamente sobre o continente africano”. Numa entrevista concedida ao jornal «L’Osservatore Romano», publicada na edição deste Sábado, o presidente Christofias expressou a sua “gratidão e alegria” por encontrar-se no Vaticano, “que é um monumento não só à religião, mas também à arte em todas as suas expressões”, destacando ainda “a possibilidade de se encontrar Bento XVI”. Christofias declarou que este é um tempo de por fim à ocupação militar turca, que viola a legalidade internacional e os direitos do homem, tanto dos greco-cipriotas como dos turco-cipriotas, e que é contrária aos princípios da União Europeia. O Presidente do Chipre recordou a existência de um acordo, estabelecido antes de da invasão de 1974, com os turco-cipriotas, com vista a passar de um Estado unitário a um Estado federal. “O objectivo é formar uma federação entre ambas as regiões com um governo central”. O novo Estado, acrescentou o Presidente, “terá uma única soberania, uma única cidadania e uma única personalidade internacional”. Christofias reconheceu que “permanece o obstáculo da postura de Ancara, que insiste em criar uma confederação entre dois Estados” e por isso, adianta, “o caminho que empreendemos é difícil. Mas não há alternativa à reunificação”. O presidente cipriota lamentou ainda a falta de atenção para com o património artístico e religioso da ilha. “O nosso património cultural é antiquíssimo. Há coisas que temos em comum com os cidadãos turco-cipriotas e que pertencem certamente a todos os cipriotas. Há complexos religiosos, conventos e mosteiros, que estão a cair porque não é permitida intervenção”. Este foi também um dos temas abordados com o Papa, segundo revelou Christofias ao jornal «L’Osservatore Romano». “A própria Turquia prevê a restauração do património cultural cristão no seu território, como em Éfeso. Pergunto-me por é que no Chipre se permite esta destruição”, concluiu Christofias. O Chipre tem uma população de quase 800 mil habitantes, dos quais 78% são greco-ortodoxos e 18% muçulmanos. O país entrou na União Europeia em 2004. Redacção/Zenit

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