Papa e presidente dos EUA debateram resultados da cimeira do G8 Bento XVI recebeu pela primeira vez no Vaticano o presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, que concluiu nesta Sexta-feira a sua participação na Cimeira do G8, na Itália.
"É uma grande honra para mim, muito obrigado", disse o presidente norte-americano, ao apertar a mão ao Papa, antes de revelar que a cimeira do Grupo dos 8 tinha sido muito "produtiva".
"Deve estar muito cansado, depois destes encontros", retorquiu Bento XVI. O encontro entre ambos, na biblioteca privada do Papa, durou 40 minutos. Como era esperado, foram discutidas as "perspectivas de paz" para o Médio Oriente, onde há "convergência" de posições, e outras situações regionais.
No centro do encontro, segundo o Vaticano, estiveram os temas da "política internacional", à luz dos resultados da cimeira do G8.
Os países do G8 e os outros países convidados para a Cimeira de L'Aquila comprometeram-se esta Sexta-feira a mobilizar 15 mil milhões de dólares em três anos para garantir a segurança alimentar no mundo, segundo uma declaração comum. Os dirigentes do Grupo dos Oito não conseguiram convencer os homólogos das economias emergentes a assumir metas concretas para a redução das emissões poluentes. Por outro lado, o G8 e os países africanos assinaram uma declaração sobre o acesso à água e à higiene pública.
Diálogo intercultural e inter-religioso, a crise económico-financeira a nível global, a segurança alimentar, a ajuda ao desenvolvimento – em especial à África e América Latina – e o problema do narcotráfico foram alguns dos assuntos discutidos pelo Papa e o presidente dos EUA.
Obama conversou primeiro com o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, e com o Arcebispo Dominique Mamberti, secretário do Vaticano para as relações com os Estados, durante cerca de um quarto de hora. Juntamente com o presidente norte-americano estiveram no Vaticano 11 pessoas da sua delegação – incluindo a primeira-dama, Michelle, e as duas filhas do casal, Malia e Sasha – embora faltasse o novo embaixador dos EUA junto da Santa Sé, Miguel H. Diaz, católico de origem cubana, cuja nomeação não foi ainda confirmada pelo Congresso.
Segundo o comunicado oficial publicado pela sala de imprensa da Santa Sé, em cima da mesa estiveram "questões do interesse de todos e que constituem o grande desafio para o futuro de todas as nações e para o verdadeiro progresso dos povos, como a defesa e a promoção da vida e o direito à objecção de consciência". Estas são matérias em que tem havido alguma fricção entre os líderes católicos dos EUA e a administração Obama.
Outros temas abordados foram o da imigração, com particular atenção para o "reagrupamento familiar", e o da importância da "educação para a tolerância em todos os países".
O Papa ofereceu a Obama, entre outros presentes, uma cópia autografada da sua última encíclica, "Caritas in veritate". O presidente dos EUA presenteou Bento XVI com uma estola que esteve sobre o corpo de São João Nepomuceno Neumann, que faleceu em Filadélfia em 1860 e que em 1977 se tornou o primeiro Bispo norte-americano a ser canonizado.
"Temos a expectativa de relações muito fortes", disse à despedida Barack Obama, numa conversa captada pelas câmaras de televisão, após o encontro privado. Bento XVI respondeu, assegurando: "Rezo por si".