Papa impôs o pálio a 33 arcebispos na celebração de São Pedro e São Paulo Bento XVI reafirmou hoje o seu compromisso em favor da unidade dos Cristãos, no dia em que a Igreja Católica celebra a Solenidade litúrgica de São Pedro e São Paulo, Apóstolos fundadores da Igreja de Roma. “A festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo é uma grata memória das grandes testemunhas de Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, um solene confissão em favor da Igreja una, santa, católica e apostólica. É acima de tudo a festa da catolicidade”, disse o Papa. Durante a sua homilia, Bento XVI explicou que o ministério do Bispo de Roma “reúne visivelmente a Igreja de todos os lugares e de todos os tempos, defendendo cada um de nós contra as derrapagens rumo a uma falsa autonomia, que se transformam facilmente em particularismos e podem comprometer a independência interna da Igreja”. Na cerimónia esteve presente, como é tradição, uma delegação do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla. O Papa saudou os representantes do Patriarca Bartolomeu I e lembrou que, apesar das divisões entre católicos e ortodoxos, “reconhecemos de forma renovada, num mundo cheio de cepticismo e de dúvidas, mas também pleno do desejo de Deus, a nossa missão de testemunhar Cristo em conjunto”. Bento XVI anunciara, no passado Domingo, a sua intenção de tornar a Solenidade de São Pedro e São Paulo um momento de “festa da unidade da Igreja”. A festa litúrgica dos apóstolos fundadores da Igreja de Roma é a festa da “unidade e catolicidade da Igreja”, afirmou. Na recitação do Angelus, que hoje substituiu a audiência geral das quartas-feiras, Bento XVI destacou a presença de Bispos de todo o mundo e assinalou que “como Bispo de Roma, o Papa desenvolve um serviço único e indispensável à Igreja universal: é o visível e perpétuo princípio e fundamento da unidade dos Bispos e de todos os fiéis”. Antes do Angelus, o Papa disse ainda à delegação ortodoxa que “o primado da Igreja que está em Roma e o do seu Bispo é um primado de serviço à comunhão católica”, sendo a referência central para a unidade doutrinal e pastoral. Pedindo a intercessão de Maria, o Papa rezou para “que todos sejam um”, rumo à unidade plena dos Cristãos. Ainda hoje, na célebre Casa de Santa Marta, no Vaticano, Bento XVI almoça com a delegação de Constantinopla, juntamente com outros membros da Cúria Romana. Papa entrega pálio a 33 arcebispos Bento XVI entregou, durante a celebração eucarística, o pálio a 33 Arcebispos metropolitanos nomeados no último ano. Os prelados recebem, assim, uma faixa de lã branca, que representa o Bom Pastor, que transporta nos ombros o cordeiro até dar a sua própria vida, como recordam as seis cruzes negras bordadas na tira. O distintivo é colocado sobre os ombros, deixando uma das faixas pendente sobre o peito e a outra sobre as costas. A lã utilizada no fabrico dos pálios provém dos cordeiros criados pelos monges trapistas da comunidade das Três Fontes, situada nos arredores de Roma. Depois da bênção pontifícia, que acontece no dia de Santa Inês, a 21 de Janeiro, os animais são criados pelas religiosas beneditinas da comunidade romana de Santa Cecília. Na Terça-feira da Semana Santa os cordeiros são tosquiados e a lã, preparada pelas religiosas, é utilizada para a confecção do pálio. Este simboliza a autoridade e manifesta uma particular união com o Bispo de Roma, como recordou o Papa no Angelus. O Pálio é uma insígnia litúrgica de “honra e jurisdição” que é abençoada pelos Papas nesta solenidade. Para além do próprio Papa, os Pálios são também envergados pelos Arcebispos Metropolitanos nas suas Igrejas e nas da sua Província eclesiástica. Para além do Cardeal Angelo Sodano, novo decano do Colégio Cardinalício, recebem o pálio Arcebispos dos seguintes países: Colômbia (Villavicencio), Peru (Huancayo), Namíbia (Windhoek), Turquia (lzmir), Brasil (Belém do Pará, Sorocaba e Maringá), Chile (Antofagasta), Itália (Cosenza- Bisignano, Sassari e Chieti-Vasto), Estados Unidos (Atlanta, Kansas City, Galveston-Houston e San António), Albânia (Tirana- Durres), Filipinas (Nova Segóvia), Vietname (Hanói), Benin (Cotonou), Nova Zelândia (Wellington), Gana (Acra), Canadá (Regina), Índia (Madras y Mylapor e Bangalore), Quénia (Mombasa), Nicarágua (Manágua), Espanha (Saragoça, Mérida-Badajoz e Tarragona), Polónia (Cracóvia), França (Paris e Tours) e Eslovénia (Ljubljana). No rol de Arcebispos que recebem hoje o pálio destacam- se D. Stanislaw Dziwisz, Arcebispo da diocese polaca de Cracóvia e ex-secretário pessoal do Papa João Paulo II; D. Bruno Forte, Arcebispo italiano de Chieti-Vasto e teólogo de renome internacional; e D. André Vingt-Trois, Arcebispo de Paris, que sucede ao Cardeal Lustiger. Catecismo não é um romance O Papa aludiu, na sua homilia, ao Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, ontem publicado, alertando que “não podemos ler este livro como um romance” e recomendando aos leitores que abordem o Compêndio “com calma, para o meditar”. Bento XVI espera que a obra, de 205 páginas que abrangem 598 perguntas/respostas sobre a doutrina e a moral católicas, “possa tornar-se um bom guia para a transmissão da fé, que nos ajuda a conhecer melhor e viver melhor a fé que nos une”. “Aquilo que no grande Catecismo é apresentado de maneira detalhada, é aqui (Compendio) recapitulado nos seus conteúdos essenciais, que têm depois de ser traduzidos na linguagem quotidiana e de concretizar-se”, apontou.