Bento XVI quer Igreja livre e pobre

Papa fez visita à terra natal de Paulo VI, na Itália

Bento XVI efectuou este Domingo uma visita pastoral a Brescia e Concesio – Norte da Itália – locais do nascimento e início da vida de Giovanni Battista Montini, que viria a ser o Papa Paulo VI, pedindo que a Igreja seja “pobre e livre” para poder falar ao homem da hoje.

A primeira etapa do percurso rumo à cidade de Brescia foi uma visita ao Santuário de Boticcino Sera, município de Valverde, que guarda a urna com os restos mortais de Santo Arcangelo Tadini.

Neste local, falando de improviso, o actual Papa disse que “é necessário rezar e trabalhar para que nasça um mundo fraterno onde cada um não viva para si mesmo, mas para os outros”, disse Bento XVI dirigindo a sua breve saudação, não prevista, à multidão congregada fora da igreja paroquial de Botticino Sera.

Mais tarde, na homilia da Missa celebrada em Brescia, o Papa quis prestar homenagem a Paulo VI e defendeu que “o mundo precisa de uma igreja pobre e livre que fale ao homem de hoje”.

“O encontro e o diálogo da Igreja com a humanidade deste nosso tempo estavam particularmente a peito a João Batista Montini” durante toda a sua vida, prosseguiu, antes de afirmar que o mundo em “absoluta necessidade” de Jesus Cristo.

Bento XVI dirigiu-se em particular aos leigos presentes, a quem falou dos desafios das migrações, da crise económica e da educação dos jovens no mundo actual.

O Papa alemão apresentou uma meditação sobre o “mistério da Igreja”, que considerou um “organismo espiritual concreto que prolonga no espaço e no tempo a oblação do Filho de Deus, um sacrifício aparentemente insignificante em relação às dimensões do mundo e da história, mas decisivo aos olhos de Deus”.

“A Igreja, que incessantemente nasce da Eucaristia – salientou – é a continuação deste dom, desta super abundância que se exprime na pobreza do tudo que se oferece no fragmento do pão consagrado”.

Bento XVI citou a Encíclica Ecclesiam suam de 6 de Agosto de 1964, em que Paul XVI se propunha “explicar a todos a importância da Igreja para a salvação da humanidade, e ao mesmo tempo, a exigência que entre a Comunidade eclesial e a sociedade se estabeleça uma relação de conhecimento e amor recíproco”.

“Consciência, renovação, diálogo: estas as três palavras escolhidas por Paulo VI para exprimir os seus pensamentos dominantes – como ele os definiu – no início do seu ministério petrino e as três palavras referem-se à Igreja”, recordou.

Noutra passagem, destinada especialmente aos bispos e padres, Bento XVI salientou que a questão da Igreja, da sua necessidade no desígnio de salvação e da sua relação com o mundo também permanece hoje absolutamente central.

O dia incluiu ainda uma visita à casa natal de Giovanni Battista Montini, com a inauguração da nova sede do Instituto Paulo VI, e uma visita à igreja paroquial de Santo Antonino, onde Giovanni Battista Montini foi baptizado.

O Papa quis concluir esta viagem de apenas meio dia visitando a paróquia de Concesio, onde reconheceu que “não é fácil ser cristão”. “É preciso ter coragem e tenacidade para não se conformar com a mentalidade do mundo – acrescentou –, para não se deixar seduzir pelo forte convite do hedonismo e do consumismo, para enfrentar, se for necessário, as incompreensões e inclusive perseguições”.

“Viver o baptismo implica permanecer solidamente unidos à Igreja, mesmo quando vemos no seu rosto sombras e manchas”, alertou.

Aos presentes, Bento XVI deixou um desafio: “Amemos a Igreja e sirvamos a Igreja com um amor fiel, que se traduza em gestos concretos dentro das nossas comunidades, sem ceder à tentação do individualismo e do preconceito, superando qualquer rivalidade e divisão”.

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