Bento XVI: Presidente da Conferência Episcopal presta homenagem a Papa que fica «na história da Igreja» (c/áudio)

D. José Ornelas evoca ligação do falecido Papa à história de Fátima

Foto: Santuário de Fátima

 

Lisboa, 31 dez 2022 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse que o Papa Bento XVI, falecido hoje aos 95 anos, “vai ficar sempre na história”, em particular pela renúncia ao pontificado.

“Bento XVI fica na história da Igreja”, indica D. José Ornelas, sublinhando o “grande passo” da resignação, quando assumiu que “já não estava em condições de governar a Igreja”.

O falecido Papa abdicou em fevereiro de2013, aos 85 anos de idade, um facto virtualmente sem precedentes, na história da Igreja Católica.

D. José Ornelas considera que esta decisão resulta de uma “visão realista”, que veio de um Papa com “solidez teológica”.

“A sua interpretação deste passo fica, sem dúvida, como um legado para a história da Igreja”, acrescenta.

A Igreja Católica não tinha visto qualquer Papa resignar desde 1415, com a abdicação de Gregório XII e segundo o jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’, “a reconstrução histórica dos casos em que um pontificado foi interrompido antes da morte do Papa conduz a pouquíssimas figuras e em nenhum caso a uma situação como a que se verificou com a decisão de Bento XVI”.

O presidente da CEP recorda um Papa que fez “uma transição muito importante”, da reflexão teórica, a partir da sua “solidez teológica”, para uma “visão pastoral”.

Segundo D. José Ornelas, Bento XVI, que sucedeu a São João Paulo II, procurou novas linguagens de “compreensão e comunicação” da Igreja, na sua diversidade, e que deu passos no diálogo ecuménico.

“É um homem que, na sua biografia, conta com uma posição fundamental, sobretudo nos campos da racionalidade, da relação entre razão e fé. É um Papa que me habituei a ler como indicador da teologia do Vaticano II, na sua seriedade e fundamentação, no horizonte da fé para o homem moderno”, observa.

O bispo da Diocese de Leiria-Fátima refere ainda a ligação de Bento XVI à Cova da Iria, que visitou em maio de 2010, e, em particular, à interpretação do chamado Segredo de Fátima, cuja terceira parte foi divulgada em 2000, com um comentário teológico do então cardeal Joseph Ratzinger.

D. José Ornelas realça que o falecido Papa promoveu uma “reinterpretação atualizada” da Mensagem de Fátima, na linha do que o Santuário nacional fez “ao longo de decénios”, favorecendo o diálogo entre a tradição e o mundo contemporâneo.

A 13 de maio de 2010, na homilia da Missa a que presidiu na Cova da Iria, Bento XVI disse: “Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída”.

OC

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Agência ECCLESIA

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