Gestos do Papa mostram que a Igreja reconhece a importância daquele verdadeiro itinerário da fé cristã
“Mostrar a todos a importância espiritual e evangelizadora que tem, hoje em dia, o Caminho de Santiago, e enviar uma mensagem clara de que a Igreja está atenta e acompanha os seus fiéis”, naquele que é um verdadeiro itinerário da fé cristã.
De acordo com o padre José Antunes da Silva, esta é a mensagem fundamental que Bento XVI quer deixar ao mundo, naquela que é a sua primeira visita a Santiago de Compostela, percorrendo, desde a saída do avião até chegar à Catedral, todos os passos do peregrino.
Em declarações à agência ECCLESIA, o provincial dos missionários do Verbo Divino explica os diversos passos do Papa, começando por “ percorrer os últimos quilómetros do caminho francês, que passa pelo Monte do Gozo, onde os peregrinos têm uma primeira vista da Catedral”.
“Daí o nome ‘Monte do Gozo, da alegria, depois de tanto tempo a caminhar, têm à frente a meta pela qual há tanto tempo suspiravam” acrescenta o sacerdote verbita, profundo conhecedor do Caminho de Santiago, que já percorreu diversas vezes.
Ao chegar à Catedral, recebido pelo Cabido da Sé, Bento XVI participou num momento de adoração ao Santíssimo, antes de entrar, como o fazem todos os peregrinos, pelo Pórtico da Glória, onde reza o Hino dos Peregrinos.
“Esta é a altura em que todo o peregrino diz, com alegria e firmeza – Eu creio”, explica o provincial, que vê neste gesto do Papa como um reforço da peregrinação como “uma caminhada de fé.
O momento seguinte, “a meta de toda a peregrinação”, explica o sacerdote verbita, é a visita ao sepulcro do Apóstolo São Tiago, atravessando a Porta Santa.
“A oração junto ao túmulo e o abraço à imagem de São Tiago, são momentos fundamentais, para um peregrino, porque é como se chegassem a casa, às origens da sua fé, e Bento XVI, ao fazer estes gestos, vai incorporar-se nesta grande comunidade de peregrinos que vai a Santiago”, sublinha o padre José Antunes da Silva.
O sacerdote recorda a mensagem que Bento XVI enviou ao arcebispo de Santiago de Compostela, D. Julián Barrio, para a abertura da Porta Santa, a 31 de Dezembro de 2009.
“Ele definiu a peregrinação a Santiago como uma oportunidade de as pessoas se aproximarem da Luz que é Cristo, porque o tema deste Ano Santo é precisamente ‘Peregrinando para a Luz’” realça o verbita.
O padre identifica ainda nesta ida de Bento XVI a Santiago “um grande apelo, a todos os peregrinos e também a si próprio, para que se valorizem as experiências de fé, fraternidade e caridade e que as pessoas vivam este caminho, sobretudo interiormente”.
Esta iniciativa da Santa Sé surge numa altura em que o caminho de Santiago ganha cada vez mais importância, na difusão da fé, já que tem havido um aumento muito significativo de peregrinos, crentes e não crentes, ao longo dos anos.
O padre José Antunes da Silva acredita que esta viagem não é alheia a este facto, numa altura em que a Igreja aposta muito na nova evangelização.
“O Papa quer demonstrar que este local de peregrinação é algo de muito especial, que pode ser um caminho de procura espiritual, mesmo para quem anda afastado da Igreja, nesta Europa secularizada” defende aquele responsável.
O grande evento público desta visita a Santiago de Compostela, neste Sábado, dia 6 de Novembro, é a Missa ao ar livre, marcada para as 16h30 (hora local), na praça do Obradoiro.
No final da celebração, Bento XVI seguirá directamente, em carro fechado, para o aeroporto de Santiago, seguindo até Barcelona, onde amanhã o espera a segunda parte da viagem.
Trata-se da 18ª viagem do actual Papa ao estrangeiro e da segunda a território espanhol, depois da visita a Valência, em 2006, para o V Encontro Mundial das Famílias.