Bento XVI, pensador de enorme relevância

Júlio Pedrosa

A visita de um Papa é sempre um momento de encontro das comunidades e das pessoas que partilham com ele a crença, a fé e modos de ver a pessoa e o mundo em que se vive. Esta será uma dessas ocasiões, a que acresce a circunstância de vivermos um tempo a que este Papa dedicou especial reflexão, enquanto teólogo, há muitos anos, com uma capacidade invulgar de antecipar futuros da fé e da Igreja católica, que hoje estamos vivendo. Por isso, será, também, uma oportunidade para visitarmos o seu pensamento e reflexão sobre este tempo e sobre os tempos que estão para vir. Esse pensamento e reflexão vêm de há muito e deu-nos iluminadas e bem fundadas ideias, em amplas esferas da condição humana, da Fé Cristã e dos modos de se ser cristão.

O Papa tem reflexão e pensamento de enorme relevância para crentes e não crentes, para bispos, sacerdotes e leigos, enfim para todos a quem o empenho pela justiça e o amor tem significado e presença na vida. As dificuldades que o desemprego, a pobreza e as guerras hoje criam a tantos seres humanos apelam a solidariedades que Bento XVI tem estimulado e trará consigo.

Admito, também, que muitos cidadãos livres, não crentes ou indiferentes em relação às religiões, se interessem por conhecer melhor o pensamento do Papa sobre a humanidade, a condição humana, as pessoas, onde quer que estejam. Assim, poderá ser uma ocasião de partilha de preocupações sobre questões que interessam a muitos e ganham em ser olhadas e pensadas de múltiplos modos e perspectivas. Portugal e os Portugueses fizeram caminhos impensados, nas últimas décadas, e integraram-se em processos que estão a acontecer por todo o lado, geradores de perturbações, angústias e nunca vistas mudanças, rápidas e profundas. Pode ser, pois, uma oportunidade que nos ajude e estimule a parar para reflectir, a meditar sobre o que somos e para onde queremos ir, cada pessoa e cada comunidade.

É significativo, para mim, que este Papa tenha dedicado a sua primeira encíclica ao tema “Deus é Amor” e a tenha escrito de modo tão cuidado e profundo, para a terminar a convidar-nos a “viver o Amor”. De facto, estas são ocasiões para dedicarmos tempo e atenção aos contributos que um Papa dá para que a Humanidade se pense. Espero, pois, que se multipliquem as vias de acesso ao que Bento XVI escreveu, antes e depois de ser Papa. Na verdade, o teólogo e filósofo Joseph Ratzinger tem um trabalho notável sobre a situação do Homem nas sociedades modernas, que não interessa apenas a quem se dedica àqueles misteres. São interpelações sobre questões candentes do nosso tempo, que esta visita estimula a revisitar conhecer e analisar.

Finalmente, a visita do Papa Bento XVI acontece num tempo que está cheio de perplexidades e interrogações sem resposta, de exemplos de ameaças e atentados à dignidade humana. Abundam as demonstrações de carências de modos justos de servir, de cuidar do bem comum, dentro e fora da Igreja. Alimento, por isso, a expectativa de que com a vinda de Bento XVI encontremos estímulo para pensar e agir aceitando que “o contacto vivo com Cristo é ajuda decisiva para prosseguir pela estrada justa: nem cair numa soberba que despreza o ser humano, e na realidade nada constrói, antes destrói; nem abandonar-se à resignação que impediria de deixar-se guiar pelo amor e, deste modo, servir o ser humano”.

Júlio Pedrosa de Jesus

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Agência ECCLESIA

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