Bento XVI pede nobreza de ideais aos jovens

Seguir Jesus implica uma transformação interior: Bento XVI na Missa de Ramos, na Praça de São Pedro, com uma multidão de jovens e adultos “Queridos jovens de língua portuguesa, as vossas aclamações e hossanas a Jesus são devidas e justas: Ele é o Deus que a todos salva. Salvou, morrendo; morreu, amando; e, amando, ressuscitou. Hoje é visível no coração que Lhe obedece e ama como Ele amou: «Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei». Prezados amigos, com o amor de Cristo que jorra dos vossos corações, ide e abençoai a terra!” – Esta a saudação de Bento XVI, neste domingo de Ramos, XXII Jornada Mundial da Juventude, no final da missa celebrada na Praça de São Pedro, repleta de dezenas de milhares de fiéis, em grande parte jovens, não só de Roma mas também de muitas outras proveniências. Na homilia, o Papa sublinhou que seguir Jesus implica “uma transformação interior da existência”, significa “reconhecer como critérios autênticos a verdade e o amor”, que “não são valores abstractos”, pois que “em Jesus Cristo se tornaram pessoa”. Evocando a solene entrada de Jesus em Jerusalém – “representada” na procissão de ramos com que a liturgia deste domingo inicia a celebração, o Papa observou: “a procissão de Ramos é também uma procissão de Cristo Rei: nós professamos a realeza de Jesus Cristo, reconhecemos Jesus como o Filho de David, o verdadeiro Salomão – rei da paz e da justiça. Reconhecê-lo como Rei significa aceitá-lo como Aquele que nos indica o caminho, em quem confiamos e que seguimos. Significa aceitar dia a dia a sua palavra como critério válido para a nossa vida. Significa ver nele a autoridade a que nos submetemos”. Esta procissão – observou ainda – é expressão da alegria de conhecer Jesus, de saber que Ele nos considera seus amigos e nos deu as chaves da vida. E é ao mesmo tempo expressão do nosso “sim” a Jesus, da nossa disponibilidade a segui-lo aonde quer que Ele nos conduza. A procissão de Ramos é, portanto, “como que uma representação simbólica do seguimento de Cristo. Mas o que é que significa, concretamente, “seguir a Cristo”? – interrogou-se Bento XVI. Inicialmente, para os discípulos, era muito claro: segui-lo significava acompanhar o mestre, confiar na sua orientação. Algo de externo, mas também, desde logo, algo de interior. Estar à disposição de Jesus torna-se uma razão de vida: “trata-se de uma transformação interior da existência”. “Exige que eu não fique dobrado sobre mim mesmo, que deixe de considerar a minha auto-realização a razão principal da vida. Trata-se da decisão fundamental de deixar de considerar a utilidade e o lucro, a carreira e o sucesso como objectivo último da minha vida, passando a reconhecer como autênticos critérios a verdade e o amor. Trata-se de optar entre o viver só para si mesmo e o doar-se pelo que é maior. Consideremos bem que verdade e amor não são valores abstractos: em Jesus Cristo tornaram-se pessoa. Seguindo-O entro ao serviço da verdade e do amor. É perdendo-me que me encontro”. Dirigindo-se especialmente aos jovens, Bento XVI comentou o Salmo 23, que os judeus cantavam ao subir para Jerusalém e que nós utilizamos na procissão de Ramos. É – observou – um salmo que “interpreta a subida interior de que a subida exterior é imagem”. “Quem subirá à montanha do Senhor?” É preciso querer mesmo chegar ao alto, sermos pessoas que procuram o rosto do Senhor. “Caros amigos jovens! Como isto é importante hoje em dia: não deixar-se levar para aqui e para acolá, na vida; não contentar-se com aquilo que todos pensam, dizem e fazem. Perscrutar à volta de si, na busca de Deus. Não deixar que se dissolva nas nossas almas a questão sobre Deus. Ter o desejo do que é maior. O desejo de conhecê-lo, de conhecer o Rosto de Deus.” Finalmente, o comentário à conhecida expressão do Salmo, que diz que subirá à montanha do Senhor o que tiver “as mãos inocentes e o coração puro”. “Mãos inocentes – são mãos que não são usadas para actos de violência. São mãos que não se sujam com a corrupção, deixando-se comprar. Coração puro – quando é que o coração é puro? É puro um coração que não finge, que não se mancha com a falsidade e a hipocrisia. Que se mantém transparente como a água da nascente, porque não conhece duplicidade. É puro o coração que não se aliena na embriaguez do prazer; um coração cujo amor é autêntico e não apenas paixão de um momento. Mãos inocentes e coração puro: se caminharmos com Jesus, subimos e encontramos as purificações que nos levam verdadeiramente àquelas alturas a que o homem está destinado: a amizade com o próprio Deus”.

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Agência ECCLESIA

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