Bento XVI nega intenção de «impor a fé»

Vaticano divulgou intervenção prevista para a Universidade «La Sapienza», lida na abertura do ano académico O discurso que Bento XVI tinha previsto pronunciar na Universidade “La Sapienza”, de Roma,acaba de ser lido na aula magna da instituição, na inauguração do 705.º ano académico. Uma longa salva de palmas sublinhou a leitura desta intervenção. O Papa manifestava a intenção de se apresentar neste espaço como “uma voz da razão ética da humanidade”. “Não venho impor a fé, mas pedir a coragem para a verdade”, refere o texto que Bento XVI tinha preparado para a visita de 17 de Janeiro, que acabou por ser adiada devido a protestos de membros da comunidade académica desta instituição, que foi criada por um Papa no século XIV. A intervenção papal faz questão de sublinha que a Sapienza é “hoje em dia uma universidade laica”, independente das autoridades políticas e eclesiásticas. Isso não invalida, escreve Bento XVI que ali não seja escutada “a sabedoria das grandes tradições religiosas”. “O perigo do mundo ocidental, para falar apenas neste, é que hoje o homem, justamente em razão da grandeza do seu poder e do seu saber, capitule perante a questão da verdade” e que a razão “ceda à pressão dos interesses e à tentação da utilidade erigida como critério supremo”, alerta o Papa. Numa referência relação entre fé e razão, Bento XVI alerta para o perigo de que “a teologia, cuja mensagem é dirigida à razão, venha a ser confinada à esfera privada de um grupo mais ou menos grande”. A missão do Papa, assinala, “é convidar sempre a razão a pôr-se em busca do verdadeiro, do bem, de Deus”, percebendo “Jesus como a luz que ilumina a história e ajuda a encontrar o caminho para o futuro”. Vaticano justifica-se O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, explicou que a visita do Papa à Universidade romana de “La Sapienza” foi adiada por não estarem garantidas as condições para um “acolhimento digno e tranquilo” a Bento XVI. Numa carta enviada ao Reitor da Instituição, Renato Guarini, e divulgada site oficial do Vaticano, o Cardeal Bertone lembra que o convite dirigido ao Papa tinha sido aceite para “dar um sinal de afecto e consideração” por uma Universidade criada por iniciativa do Papa Bonifácio VIII, em 1303. A mensagem do Secretário de Estado do Vaticano fala de iniciativas de um grupo “claramente minoritário de professores e alunos” que impediram a visita agendada para Quinta-feira, 17 de Janeiro. A decisão de adiar a visita visou, segundo o Cardeal Bertone, “remover qualquer pretexto para manifestações que se teriam revelado desagradáveis para todos”. Guarini, na página oficial da Universidade, disse respeitar a decisão, mas não esconde a sua “amargura” perante a impossibilidade de ouvir “uma voz de um estudioso que escreveu sobre os temas do nosso tempo”.

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