Questão da liberdade religiosa voltou a estar em cima da mesa
Guanajuato, 24 mar 2012 (Ecclesia) – Bento XVI reuniu-se hoje em privado com o presidente mexicano Felipe Calderón, no Estado de Guanajuato, tendo ambos abordado “temas de interesse comum” e a questão da liberdade religiosa.
Em comunicado, a Presidência da República do México fez referência aos 20 anos de relações diplomáticas com a Santa Sé, baseadas na “separação constitucional entre a Igreja e o Estado”.
Segundo o porta-voz do Vaticano, o Papa voltou a abordar “brevemente” o tema da liberdade religiosa, num momento em que se discute uma reforma constitucional no México.
Bento XVI iniciou a sua primeira visita ao México, esta sexta-feira, com apelos em favor do “direito fundamental à liberdade religiosa”, pedindo este que seja respeitado “no seu genuíno significado e na sua plena integridade”.
O Senado mexicano debate atualmente a reforma de dois artigos da Constituição relativos a esta matéria, já aprovadas na câmara baixa do Parlamento, que se referem à inclusão do adjetivo ‘laica’ na definição da República (artigo 40), à possibilidade de realização de atos de culto em espaços públicos e ao direito ao ensino religioso nas escolas públicas (artigo 24).
No caso deste último, algumas forças políticas do México temem uma diminuição da laicidade do Estado, num momento em que o país se prepara para eleições presidenciais.
Segundo a Presidência mexicana, o Papa e Calderón abordaram os “desafios globais que o mundo enfrenta e sobre os quais o México e a Santa Sé mantêm uma posição ativa”.
Entre estes, o comunicado oficial enumera as mudanças climáticas, a luta contra a fome, o desarmamento nuclear, o tráfico de armas e a “delinquência organizada”.
Ambos destacaram a ação da Igreja Católica em situações de desastres naturais e na ajuda humanitária.
Bento XVI foi acompanhado na Casa del Conde Rul, edifício do século XVIII, por uma comitiva encabeçada pelo secretário de Estado da Santa Sédo Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, e o secretário do Vaticano para as Relações com os Estados, D. Dominique Mamberti.
O Papa cumprimentou várias pessoas, no interior do edifício, incluindo vítimas da criminalidade organizada no país, uma matéria que tem merecido as atenções do líder da Igreja Católica.
Educação, migrações, Direitos Humanos e a abolição da pena de morte foram temas abordados no encontro entre as delegações diplomáticas das duas partes.
Bento XVI chegou ao encontro (já domingo em Portugal) com um atraso de 45 minutos, após um percurso de mais de 50 quilómetros desde a cidade de León, acompanhado por milhares de pessoas e pelo repicar dos sinos da Basílica de Guanajuato.
OC
Notícia atualizada às 12h35, 25.03.2012