Papa espera que Sínodo para o Médio Oriente contribua para o diálogo entre as Igrejas
O apelo ao diálogo entre católicos e ortodoxos e o Sínodo dos Bispos para o Médio Oriente, marcado para Outubro, foram alguns dos temas abordados por Bento XVI na celebração ecuménica realizada esta tarde em Chipre.
A alocução, que ocorreu no exterior da igreja de Agia Kiriaki Chrysopolitissa, na cidade de Paphos, começou por recordar os primeiros passos da expansão do cristianismo que ocorreram naquela ilha do Mediterrâneo Oriental, provavelmente antes do ano 50.
“Paulo, acompanhado por Barnabé, um nativo de Chipre, e Marcos, o futuro evangelista, vieram primeiro a Salamis [Salamina], onde começaram a proclamar a palavra de Deus nas sinagogas”, lembrou Bento XVI.
“Atravessando a ilha – continuou o Papa – chegaram a Paphos”, onde anunciaram a novidade de Jesus Cristo, “pelo que foi a partir deste lugar que a mensagem do Evangelho começou a espalhar-se através do Império [Romano]”.
Depois da introdução histórica, Bento XVI estabeleceu um nexo entre a herança que o cristianismo nascente deixou na ilha e a comunhão com todas as comunidades que também acolheram a novidade cristã.
No entender do Papa, a Igreja de Chipre pode orgulhar-se dos laços que a ligam à pregação daqueles evangelizadores e também da “comunhão que a liga a todas as Igrejas que preservam a mesma regra de fé”.
Bento XVI afirmou que a comunhão actualmente existente, “real mas imperfeita”, já é motivo de união entre os cristãos e impele os fiéis das várias Igrejas a ultrapassar as divisões e a lutar pela “restauração daquela plena unidade visível” que é “a vontade de Deus para os seus seguidores”.
Sínodo dos Bispos para o Médio Oriente
Pronunciando-se sobre a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para o Médio Oriente, o Papa afirmou que ela vai “reflectir sobre o papel vital dos cristãos na região”.
O encontro, que se realiza em Roma, vai também contribuir para aprofundar o “diálogo e a cooperação entre os cristãos de toda a região”, referiu Bento XVI.
O Sínodo vai contar com a presença de delegados de outras Igrejas e comunidades cristãs, “como sinal do nosso compromisso comum no serviço à palavra de Deus e da nossa abertura ao poder da sua graça reconciliadora”.
“A Igreja de Chipre, que serve de ponte entre Oriente e Ocidente, contribuiu em muito para este processo de reconciliação”, lembrou o Papa, acrescentando que o caminho até à comunhão plena não ocorrerá sem dificuldades.
Apesar desta convicção, “a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa de Chipre estão determinadas em avançar no caminho do diálogo e da cooperação fraterna”, disse Bento XVI.
O Papa concluiu a alocução com a evocação da memória dos santos que “adornaram” a Igreja de Chipre, relacionando-os com o objectivo da unidade dos cristãos, dado que “conversão e santidade” são “meios privilegiados” para obter a unidade da Igreja.
Foto: Bento XVI e o arcebispo ortodoxo Crisóstomo II de Chipre chegam à igreja de Agia Kiriaki Chrysopolitissa (4.6.2010)