Bento XVI: Jornalista português destaca trabalho «sério e inteligente» do Papa ao leme de «uma Igreja difícil de amar»

Manuel Vilas-Boas acredita que Joseph Ratzinger ainda vai escrever «sobre o momento que se vive em Roma»

Lisboa, 28 fev 2013 (Ecclesia) – O jornalista português Manuel Vilas-Boas considera que Bento XVI deixa a imagem de um Papa “sério e inteligente”, que durante sete anos e dez meses assumiu com determinação o leme de «uma Igreja difícil de amar”.

Em entrevista à ECCLESIA, o especialista em assuntos religiosos da TSF recorda os problemas “complexos” enfrentados por Joseph Ratzinger, como as acusações de “pedofilia” e abusos sexuais que envolveram bispos e sacerdotes católicos, questão “que vinha ainda do pontificado de João Paulo II”.

Lembra também as suspeitas de corrupção que caíram sobre o Banco do Vaticano e as lutas de poder dentro da Cúria Romana, que ficaram mais evidentes a partir do caso “Vatileaks”, em que diversos documentos pessoais de Bento XVI foram “roubados” pelo seu mordomo pessoal e publicados mais tarde na imprensa.

Segundo Manuel Vilas-Boas, “há movimentos que pretendem mandar em Roma, movimentos conservadores, que dizem ao mundo coisas que a Igreja não é”, e Bento XVI “queria que as coisas mudassem”.

No entanto, como o próprio admitiu no Consistório em que anunciou aos cardeais a sua renúncia, a 11 de fevereiro, “a idade avançada” e a “falta de forças” não o deixaram concluir a sua tarefa.

“O Papa sai agora sobretudo para se libertar de um trabalho penoso, que não iria resolver”, sublinha o jornalista, que ainda assim acredita que Bento XVI vai ter uma palavra a dizer sobre os desafios que se colocam à Igreja.

“É provável que ainda venha a dizer mais algumas coisas e que deixe escritos de memórias sobre o momento que se vive em Roma”, sustenta.

No campo literário, o comunicador da TSF defende que Joseph Ratzinger marcou a diferença, em relação aos seus antecessores, porque “soube escrever de modo profundo sobre realidades que têm a ver com a vida das pessoas, e não só sobre a dimensão religiosa”.

“Começou exatamente pela caridade, pelo amor, pela marca decisiva do cristianismo”, salienta Manuel Vilas-Boas, para quem Bento XVI “trouxe sensibilidade à dignidade humana” e “apesar de não ser um grande orador” ou um “homem de grandes palcos” como João Paulo II, “soube dizer coisas que ainda não tinha sido ditas”.

PTE/JCP

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Agência ECCLESIA

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