Bento XVI iniciou visita ao Chipre

Papa desloca-se a uma ilha dividida por tensões entre Grécia e Turquia. Primeiro dia da viagem é marcado por celebração ecuménica

O avião que transportou Bento XVI desde Roma aterrou no aeroporto internacional de Paphos pelas 11h50 (hora continental portuguesa, mais duas em Chipre), naquela que é a primeira viagem do Papa fora de Itália após a visita a Portugal.

Depois de ser saudado pelo presidente de Chipre, Demetris Christofias, e pela sua esposa, bem como pelo arcebispo ortodoxo de Chipre e comitiva, patriarcas e bispos católicos e outros dignitários, Bento XVI profere o primeiro discurso, ainda dentro das instalações do aeroporto.

De acordo com o programa da viagem, o Papa deve chegar pelas 13h15 à igreja de Agia Kiriaki Chrysopolitissa, em Paphos, onde se recolhe para uma breve oração.

O templo, que também está aberto à oração de católicos e anglicanos, encontra-se diante uma antiga basílica cristã, onde está “coluna de São Paulo”, objecto de devoção popular.

Às 13h30 inicia-se uma celebração ecuménica no exterior da igreja, durante a qual Bento XVI vai fazer a segunda alocução da deslocação a este país do Mediterrâneo Oriental.

A cerimónia, que decorre na zona arqueológica do templo, inclui uma saudação do arcebispo ortodoxo Crisóstomo II de Chipre.

Pelas 14h30 o Papa inicia a viagem para Nicósia, capital do país, chegando pelas 16h15 à Nunciatura Apostólica – representação diplomática do Vaticano.

As actividades públicas de Bento XVI em Chipre são retomadas no Sábado, a partir das 7h15, com a visita ao presidente da República, no Palácio Presidencial de Nicósia.

A missa por ocasião da publicação do documento de trabalho (“Instrumentum Laboris”) do Sínodo dos Bispos para o Médio Oriente, que se realiza em Outubro, na cidade de Roma, é um dos pontos mais aguardados da visita papal.

A celebração, agendada para Domingo, vai ser seguida do almoço com os patriarcas e bispos do Conselho Especial para o Médio Oriente do Sínodo dos Bispos.

Um dos prelados esperados para a eucaristia, D. Luigi Padovese, presidente da Conferência Episcopal da Turquia, foi assassinado esta Quinta-feira, num crime alegadamente cometido pelo seu motorista particular, muçulmano.

As primeiras averiguações excluem motivações políticas ou religiosas na origem do crime.

Além das informações avançadas pela página que a Agência ECCLESIA dedica à deslocação de Bento XVI ao Chipre – que inclui a transmissão em directo do canal televisivo do Vaticano – a viagem do Papa pode também ser acompanhada pelo site oficial da visita (em inglês).

Uma ilha dividida

Antiga possessão britânica, Chipre tornou-se independente em 1960, depois de anos de resistência ao colonizador.

O mês de Dezembro de 1963 ficou marcado pela violência em Nicósia, consequência das tensões entre a maioria cipriota grega e a minoria cipriota turca.

Apesar do envio de uma força de paz das Nações Unidas no ano seguinte, continuou a haver confrontos entre as duas comunidades, forçando grande parte dos cipriotas turcos a estabelecerem-se em enclaves espalhados pela ilha.

Em 1974, um grupo apoiado pela Grécia tentou ganhar o controlo de Chipre mas esse objectivo foi impedido por uma intervenção militar da Turquia, que obteve o domínio de mais de um terço da ilha.

No ano de 1983, o território ocupado pelos cipriotas turcos declarou-se como “República Turca do Norte de Chipre”, entidade reconhecida apenas pela Turquia.

Nos últimos anos, as Nações Unidas têm encorajado os governos grego e turco a retomar negociações com vista à unificação.

Toda a ilha entrou na União Europeia a 1 de Maio de 2004, embora os seus direitos e obrigações se apliquem somente às zonas sob autoridade do internacionalmente reconhecido Governo cipriota grego.

Bento XVI vai estar em três das cidades administradas pelo Governo cipriota grego: Paphos, Nicósia e Larnaca.

Imagem: No lado esquerdo, sobre fundo branco, território administrado pelo Governo cipriota grego; do lado direito, sobre fundo amarelo, território administrado pelo Governo cipriota turco. Uma faixa controlada pelas forças de paz das Nações Unidas separa as duas zonas (a Nunciatura Apostólica, localizada em Nicósia, encontra-se nesta área).
No canto inferior direito: bandeira de Chipre (território administrado pelo Governo cipriota grego).

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Agência ECCLESIA

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