Bento XVI em Santa Maria de Leuca: Renovação pessoal e comunitária na evangelização

Bento XVI iniciou este Sábado uma visita pastoral a Santa Maria di Leuca e Brindisi, no Sul da Itália. O Papa começou por celebrar uma Missa em Santa Maria di Leuca, junto do Santuário de Nossa Senhora. Na homilia, Bento XVI apresentou Maria como “estrela da esperança”, sublinhando porém que “ela não brilha com luz própria, mas reflecte a luz de Cristo, Sol que apareceu no horizonte da humanidade”. “Seguindo a estrela de Maria podemos orientar-nos na viagem e manter a rota em direcção a Cristo, especialmente nos momentos obscuros e tempestuosos”. Como recordara o Bispo local, na saudação inicial, uma antiga tradição atribui a evangelização destas terras do extremo Sul da península itálica ao Apóstolo Pedro, quando aqui chegou vindo da Palestina. Independentemente da fundamentação histórica de tal hipótese, o que interessa e é significativo é que, fazendo remontar a sua fé à pregação do primeiro dos Apóstolos, os fiéis manifestam o “apego a Pedro como garantia de fé autêntica e segura, porque fundamentada sobre a rocha”. Foi pois sobre a experiência petrina que Bento XVI prosseguiu a sua homilia, comentando o episódio em que Jesus salva das águas Pedro, que está para afundar. E a pesca milagrosa – que dura desde há dois mil anos – mostra como Jesus “pescou” o modesto pescador da Galileia, chamando-o, como a nós hoje, “das trevas à sua luz admirável”. “Para nos tornarmos pescadores com Cristo, é preciso sermos primeiro pescados por Ele. São Pedro é testemunha desta realidade, como o é também São Paulo, grande convertido, do qual dentro em pouco inauguraremos os dois mil anos do nascimento. Como Sucessor de Pedro e Bispo da Igreja fundada sobre o sangue destes dois eminentes Apóstolos, vim confirmar-vos na fé em Jesus Cristo, único salvador do homem e do mundo”. Observando que neste santuário de Leuca se conjugam a fé de Pedro e a de Maria, o Papa fez notar que se exprime assim o que designou “o duplo princípio da experiência cristã: o princípio mariano e o princípio petrino.” Ambos, conjuntamente (assegurou), ajudarão a partir de novo de Cristo, renovando a fé, para corresponder às exigências do nosso tempo. “Maria ensina-nos a permanecermos sempre à escuta do Senhor no silêncio da oração, a acolher com generosa disponibilidade a sua Palavra com o profundo desejo de oferecer a Deus vós mesmos, a vossa vida concreta, para que o seu Verbo eterno, pela potência do Espírito Santo, possa de novo hoje fazer-se carne, na nossa história”. Maria há-de ajudar também cada um a levar no coração a alegria da Ressurreição de Jesus, em constante docilidade ao Espírito do Pentecostes. Uma atitude espiritual complementada com o modelo de Pedro… “São Pedro vos ensinará a sentir e a crer com a Igreja, firmes na fé católica. Levar-vos-á a ter o gosto e a paixão da unidade, da comunhão, a alegria de caminhar conjuntamente com os Pastores; e ao mesmo tempo, participar-vos-á a ânsia da missão, para partilhar o Evangelho com todos, fazendo-o chegar até aos extremos confins da terra”. Ora precisamente estas últimas palavras de Jesus aos seus discípulos como que ecoam no belo e sugestivo nome deste santuário de Leuca: “de finibus terrae”. “Situada entre a Europa e o Mediterrâneo, entre o Ocidente e o Oriente, este santuário recorda-nos que a Igreja não tem confins, é universal. E os confins geográficos, culturais, étnicos, até mesmo os confins religiosos são para a Igreja um convite à evangelização na perspectiva da comunhão na diversidade. A Igreja nasceu no Pentecostes, nasceu universal e a sua vocação é falar todas as línguas do mundo.” Segundo a vocação e missão revelada a Abraão – observou ainda o Papa – “a Igreja existe para ser uma bênção em benefício de todos os povos da terra, ou – como diz o Concílio Vaticano II – sinal e instrumento de unidade para todo o género humano”. O que vale, de modo muito particular, nestas terras de confim. “A Igreja que está em Puglia possui uma forte vocação a ser ponte entre povos e culturas”. Quase a concluir, Bento XVI recordou ainda que a evangelização tem de ser acompanhada por um autêntico testemunho evangélico, cuja eficácia está em proporção directa com a intensidade do amor. “De nada vale projectar-se até aos confins da terra, se antes de mais as pessoas não se estimarem e não se ajudarem no interior das suas próprias comunidades!” – advertiu o Papa. “Num contexto que tende a incentivar cada vez mais o individualismo, o primeiro serviço da Igreja é educar ao sentido social, à atenção para com o próximo, à solidariedade e à partilha”. Mensagem aos jovens Mais tarde, já em Brindisi, o Papa abordou o fenómeno dramático do desemprego, que atinge antes de mais os jovens do sul da Itália representa um peso sobre o seu futuro e corre o perigo de sufocar os entusiasmos que são típicos desta estação da vida. Aos jovens, o Papa recordou também que a juventude é insidiada pela mentalidade de lucros fáceis , pela tentação de refugiar-se em paraísos artificiais, ou deixar-se atrair por formas distorcidas de satisfação material. Não vos deixeis enredar pelas insidias do mal. Procurai sobretudo – sugeriu Bento XVI – uma existência rica de valores, para dar vida a uma sociedade mais justa e mais aberta ao futuro. Fazei frutificar os dons que Deus vos deu com a juventude: a força, a inteligência, a coragem, o entusiasmo e a vontade de viver. É a partir desta bagagem, contando sempre com a ajuda divina, que podereis alimentar em vós e ao vosso redor, a esperança. Depende de vós e do vosso coração, fazer de maneira que o progresso se transforme num bem maior para todos. E o caminho do bem – afirmou o Papa – tem um nome: chama-se amor.

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Agência ECCLESIA

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