Bento XVI em Malta para lembrar património cristão da Europa

Família, emigração e juventude na agenda do Papa

Bento XVI chegou este Sábado a Malta, para uma visita de dois dias, tendo começado por destacar o papel da Ilha como um lugar de encruzilhada e de intercâmbio cultural, servindo de “ponte na compreensão entre os povos, culturas e religiões presentes no Mediterrâneo”.

“Vós continuais a desempenhar um papel significativo nos actuais debates sobre a identidade, a cultura e as políticas europeias. Ao mesmo tempo, congratulo-me com o empenho do Governo em projectos humanitários de amplo horizonte, especialmente na África”, disse o Papa na primeira vez que se dirigiu ao povo maltês.

Recordando que a ocasião próxima desta visita são os 1950 anos do naufrágio que levou São Paulo à costa de Malta,Bento XVI disse acreditar que o episódio, relatado no livro bíblico dos Actos dos Apóstolos, não resultou de um incidente imprevisto mas da “providência divina”.

O tema da visita – “Contudo, temos de encalhar numa ilha” – é uma frase atribuída ao apóstolo quando a maior parte dos tripulantes do barco em que viajava já haviam perdido a esperança de se salvarem de uma tempestade que durava há vários dias.

No discurso que proferiu na cerimónia de boas-vindas realizada no aeroporto internacional de Malta, o Papa lembrou que a acção missionária de Paulo “deu fruto abundante ao longo dos séculos, contribuindo de múltiplas maneiras para plasmar a rica e nobre cultura” da nação.

Depois de salientar a importância estratégica do país na “defesa da Cristandade” e durante a II Guerra Mundial, Bento XVI aplaudiu o compromisso do Governo nos projectos humanitários, sobretudo em África.

O Papa afirmou que Malta “tem muito a oferecer” nas áreas da tolerância, reciprocidade, imigração e noutras “questões cruciais” para o futuro da Europa.

Na sua alocução, Bento XVI encorajou o estado a continuar a defender “a indissolubilidade do matrimónio”, a “verdadeira natureza da família” e o carácter sagrado da vida humana “desde a concepção até à morte natural”.

O Papa também exortou o país a promover a liberdade religiosa e a constituir-se como ponte entre os povos, culturas e religiões da região mediterrânica.

“Há muito por fazer para estabelecer relações de genuína confiança e de diálogo frutuoso e Malta está bem colocada para dar uma mão amiga aos seus próprios vizinhos do Norte e do Sul, do Este e do Oeste”, realçou o Papa.

Crucifixo simboliza história, cultura e fé de Malta

No discurso de boas-vindas, o presidente do país, George Abela, recordou que a presença de São Paulo na ilha fez com que o povo tivesse recebido a mensagem cristã ainda antes da data em que se acredita que o primeiro evangelho foi escrito.

“Este foi um momento fundamental na nossa história, que tem de ser encarado não apenas à luz da sua perspectiva histórica e religiosa mas também nas suas consequências culturais e morais”, que deram ao país uma “identidade cristã que gradualmente substituiu a cultura pagã e politeísta”, disse o presidente.

“Estou certo de falar pela maioria dos meus compatriotas quando afirmo que no Crucifixo vemos um símbolo da nossa história, da nossa cultura e acima de tudo da nossa Fé. O rosto de Jesus que sofre na Cruz é o rosto de Deus que perdoa aos seus inimigos quando estava a morrer”, disse George Abela.

O presidente reconheceu que as famílias estão a passar por uma mudança acelerada, fomentada principalmente pelo estilo de vida ocidental e pela secularização crescente, mas defendeu que o multiculturalismo não implica que Malta “tenha de renunciar às suas crenças”.

O acolhimento que o apóstolo São Paulo recebeu pela população da ilha mantém-se, segundo George Abela, como um dos valores fundamentais do país que, devido à sua situação geográfica, é escolhido por muitos imigrantes africanos como porta de entrada na Europa.

O presidente prometeu a Bento XVI que Malta vai continuar a defender os valores do cristianismo, que “aparentemente começaram por mero acaso mas que hoje prezamos pela nossa própria escolha”.

Emigração e valores cristãos na agenda

Bento XVI estará pouco mais de 24 horas em Malta, onde proferirá seis intervenções públicas dedicadas sobretudo às questões da emigração e dos valores cristãos, nesta que é a sua 14.ª viagem apostólica internacional e a oitava no continente europeu.

A cobertura televisiva da visita oferecida pela estação CTV pode ser acompanhada através desta página da Agência ECCLESIA.

O programa de Bento XVI para o Domingo é o seguinte (horário de Portugal continental):

08h15
Saída da Nunciatura Apostólica para Floriana 

9h00
Missa na Praça “dei Granai” em Floriana. Homilia. Recitação do Regina Caeli 

12h00
Almoço com os Bispos de Malta e com a Comitiva Papal  na Nunciatura Apostólica, em Rabat

15h00
Saída da Nunciatura Apostólica em direcção a Kalkara 

15h45
Viagem por mar entre o cais do Porto de Kalkara e o cais do Porto Grande de La Valletta 

16h15
Encontro com os Jovens no Porto Grande de La Valletta. Discurso

17h15
Saída do porto Grande em direcção ao aeroporto 

17h40
Cerimónia de despedida no Aeroporto Internacional de Malta. Discurso 

18h10
Partida 

19h45
Chegada ao Aeroporto de Ciampino, em Roma

Foto: Bento XVI e George Abela na cerimónia de boas-vindas, no aeroporto internacional de Malta

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