Bento XVI e o carisma de ensinar

Adriano Moreira

Bento XVI foi eleito numa época de relativismo que afecta visivelmente os pressupostos da identidade ocidental, quando o globalismo procura dar voz independente e livre a todos os povos, e o dialogo entre as culturas dá relevo à questão de saber se a questão do universal, à qual Paulo deu expressão ao afirmar “não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus”, também é estrutural nas outras culturas.

O encontro procurado por João Paulo II, para encontrar, em Assis, os valores comuns das várias confissões, foi promissor, mas tal indagação e experiência não afecta o sentido universal da mensagem cristã, a sua expressão na Declaração Universal dos Direitos Humanos, a sua presença no património imaterial da Humanidade, a marca na identidade do Ocidente em crise de autoridade política e de relativismo cultural.

Por isso, a intervenção do Pontífice, que decide exercer o carisma de ensinar nos centros de espiritualidade cristã, vai certamente apelar à exemplaridade de todos os responsáveis, em todos os domínios de intervenção, para que os valores sejam como o eixo da roda: acompanha a roda mas não anda.

Adriano Moreira, Presidente da Academia das Ciências de Lisboa,

Presidente do Conselho Geral da Universidade Técnica de Lisboa

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