Teologia é «força purificadora» da razão, diz Reitor da UCP
O médico João Lobo Antunes sublinhou esta Segunda-feira que os argumentos que Bento XVI utiliza no diálogo com os seus interlocutores são de uma “extraordinária doçura”.
No entender do investigador, que falava no colóquio “O Pensamento de Bento XVI”, que decorre esta Segunda-feira em Lisboa, o Papa distingue-se também por abordar temas “complexos” com “simplicidade e afectividade”.
Bento XVI sabe que a Igreja é detentora de um “tesouro de conhecimento e experiência ética” mas não impõe a “ética da obediência”, referiu João Lobo Antunes, salientando que o “recurso a filósofos laicos é um dos timbres deste Papa”.
Depois de recordar que as universidades têm de aliar o ensino dos conhecimentos técnico à sabedoria, o membro do Conselho de Estado sublinhou que a sabedoria das tradições religiosas não se pode deitar para o “cesto do lixo” da história das ideias.
Para Manuel Braga da Cruz, reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), “o Ocidente corre hoje o risco de desistir de procurar a verdade e de colocar a razão subordinada ao materialismo e utilitarismo”.
Por outro lado, Bento XVI teme que o ensino superior corra o risco de “perder o sentido da unidade dos saberes” e passe a ser “dominada pela tecnocracia”, acrescentou
O discurso que o Papa foi impedido de proferir na Universidade La Sapienza, em Roma, a 17 de Janeiro de 2008 – tema do painel em que intervieram os dois oradores – salienta os “limites da ciência” no que se refere ao alcance dos conhecimentos e à sua aplicação prática, assinalou o reitor.
“A verdade não se esgota no saber, mas destina-se a fazer o bem, e como tal precisa da razão ética”, lembrou Manuel Braga da Cruz, para quem a missão do Papa seria como a de um “sentinela” que pretende assegurar a coesão de toda a comunidade humana.
O reitor da UCP referiu que Bento XVI apresenta-se ao saber universitário como “porta-voz da razão ética da humanidade” e que, de acordo com as suas palavras, a Teologia é a “força purificadora” da razão.