Bento XVI dedicou a audiência geral desta quarta-feira aos ensinamentos de Orígenes sobre a oração e a Igreja. Já na semana passada o Papa consagrara a catequese desenvolvida nesta ocasião a este importante “Padre da Igreja” que viveu em Alexandria (Egipto), no século III. “Para Orígenes – observou – a compreensão das Escrituras requer a intimidade com Cristo, assim como a oração, pois que é o amor o caminho privilegiado para conhecer a Deus. Orígenes desempenhou um ‘papel essencial’ na história da ‘Lectio divina’ que o bispo Santo Ambrósio introduzirá seguidamente, no Ocidente, influenciando Agostinho e toda a tradição monástica”. Para mostrar que o mais elevado nível do conhecimento de Deus brota do amor – prosseguiu ainda Bento XVI, Orígenes funda-se sobre uma significação dada por vezes, em hebreu, ao verbo ‘conhecer’, para exprimir o acto do amor humano. “O que sugere que a união no amor fornece o conhecimento mais autêntico. A oração de Orígenes atinge assim os mais elevados níveis da mística”, apontou. O Papa recordou o grande exemplo de oração sempre dado pelo seu “amado predecessor” João Paulo II, o qual, na Exortação “Novo millenio ineunte” explicou como a oração pode avançar como verdadeiro diálogo de amor, até tornar a pessoa humana totalmente possuída pelo sopro divino”. Este percurso de oração – assinalou Bento XVI – é “um caminho inteiramente sustentado pela graça, que exige forte empenho espiritual e conhece também dolorosas purificações, mas que conduz à indizível alegria interior vivida pelos místicos como união esponsal”. No que diz respeito ao ensinamento de Orígenes sobre a Igreja, mais precisamente sobre o correcto modo de agir de todos os fiéis, o Papa sublinhou que “é uma conduta de vida íntegra, mas sobretudo o acolhimento e o estudo da Palavra que estabelecem uma verdadeira ‘hierarquia da santidade’ entre os fiéis. No cume deste caminho de santidade, Orígenes coloca o martírio”. “Se a pureza e honestidade de vida, por um lado, e a fé e a ciência das Escrituras, por outro, se configuram como condições indispensáveis para o sacerdócio universal, por maior razão o sacerdócio ministerial exige uma conduta íntegra de vida e o acolhimento e estudo da Palavra de Deus”, observou ainda. (Com Rádio Vaticano)