Bento XVI deixa conselhos aos padres

Papa diz que a missão sacerdotal não se cumpre indo ao encontro de «opiniões predominantes» e da superficialidade do mundo de hoje Bento XVI presidiu na manhã desta Quinta-feira Santa, na Basílica de São Pedro, à celebração da Missa crismal, com os Cardeais, Bispos e presbíteros presentes em Roma. Segundo o Papa, o sacerdócio não é uma “segregação”, mas os padres têm de cumprir a sua missão sem fazer das “opiniões predominantes” o seu barómetro. “O verdadeiro confronto é com a verdade e contra a mentira”, salientou Beto XVI na homilia da Missa, neste dia em que a Igreja recorda a instituição do sacerdócio. Com citações do Evangelho, de Bultman e de Nietzschte, o Papa delineou a sua visão do padre, também com uma referência pessoal, lembrando quando, há 58 anos foi ordenado: “Abri a Sagrada Escritura, porque queria ainda receber uma palavra do Senhor para aquele dia e para o meu caminho futuro como sacerdote”. “O sacerdócio é uma passagem de propriedade, um ser tirado do mundo e doado a Deus, mas não é uma segregação. Ser consagrados a Deus significa sobretudo ser colocados a representar os outros”, indicou. Se os padres são “verdadeiramente consagrados à verdade”, não devem deixar modelar o seu pensamento “por tudo o que se diz e faz”. “Porventura não são tantas vezes as opiniões predominantes os critérios pelos quais nos regulamos? No fim de contas, não ficamos na superficialidade de tudo o que, habitualmente, se impõe ao homem de hoje?”, perguntou. O Papa referiu que Nietzsche “zombou da humildade e da obediência”, como virtudes servis, pelas quais os homens teriam sido reprimidos. “Ora bem, existem caricaturas duma humildade falsa e duma submissão errada, que não queremos imitar. Mas há também a soberba destrutiva e a presunção, que desagregam qualquer comunidade e acabam na violência”, alertou. Bento XVI disse ainda que o padre “não deve ceder nem à amargura nem à autocomiseração”. Em conclusão, deixou aos presentes o desafio se estarem “imersos na Verdade, isto é, contrapor-se, tanto nas coisas grandes como nas pequenas, à mentira, que de modo tão variado está presente no mundo, aceitando a fadiga da verdade”. “No ‘sim’ da Ordenação sacerdotal, fizemos a renúncia fundamental à autonomia, à auto-realização. No entanto, é preciso, dia após dia, cumprir este grande ‘sim’ entre os demais ‘sins’ e nas pequenas renúncias. Se cultivarmos uma verdadeira familiaridade com Cristo, então poderemos experimentar a alegria da sua amizade”, referiu.

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