Bento XVI vai receber na próxima segunda-feira os embaixadores muçulmanos acreditados junto da Santa Sé, bem como os responsáveis da comunidade islâmica na Itália. A informação foi avançada à AFP pelo Pe. Ciro Benedettini, vice-director da sala de imprensa da Santa Sé. O encontro surge na sequência das reacções violentas ocorridas em várias partes do mundo árabe após um discurso do Papa na Universidade de Regensburg, na Alemanha, em que era citado um imperador bizantino que fazia comentários sobre Maomé e o Islão. O Pe. Benedettini adiantou ainda que a reunião terá lugar na residência pontifícia de Castel Gandolfo. Pouco depois da polémica surgida em finais da semana passada, a Santa Sé instruiu os Núncios Apostólicos no mundo árabe para acalmar os ânimos e explicar o verdadeiro alcance das palavras de Bento XVI. O Arcebispo Francis Chullikatt, Núncio Apostólico no Iraque, referiu à agência norte-americana CNS que as explicações do Papa e do Vaticano foram entregues, com traduções em árabe, nas sedes das nunciaturas. Depois das intervenções do último fim-de-semana, Bento XVI retomou as explicações na passada quarta-feira, durante a audiência geral, frisando que “não queria, de modo algum, fazer minhas as palavras negativas pronunciadas pelo imperador medieval neste diálogo”. “O seu polémico conteúdo não exprime a minha convicção pessoal, a minha intenção era muito diferente: partindo daquilo que Mauel II diz, em seguida, de forma positiva – com uma palavra muito bela a respeito da racionalidade que deve guiar a transmissão da fé – queria explicar que não (devem coexistir, ndr) religião e violência, mas que religião e razão caminham lado a lado”, disse. Bento XVI manifestou ainda o seu “profundo respeito pelas grandes religiões e em particular pelos muçulmanos”, “que adoram o Deus único”.