Bento XVI contra «moral laica»

Bento XVI sublinhou esta manhã, no Vaticano, a importância da ligação entre Bíblia e Moral no magistério da Igreja, referindo que a felicidade do ser humano não se consegue com uma “moral laica”. “O impulso primordial do homem é o seu desejo de felicidade e de uma vida plenamente conseguida. Hoje, contudo, muitos pensam que essas realizações devem ser conseguidas de forma autónoma, sem nenhuma referência a Deus e à sua lei”, lamentou. O tema da Bíblia e da Moral – “um tema que diz respeito não só aos crentes, mas a qualquer pessoa, como tal” – esteve em destaque na sessão plenária da Comissão Pontifícia Bíblica, cujos membros foram hoje recebidos pelo Papa. Esta Comissão é um órgão consultivo, ao serviço do magistério e ligado à Congregação para a Doutrina da Fé, cujo prefeito é também o presidente da Comissão – hoje o Cardeal William J. Levada, durante mais de duas décadas o Cardeal Joseph Ratzinger. Para Bento XVI, não é possível uma “absoluta soberania da razão e da liberdade no âmbito das normas morais”, que contestando a “convicção errónea” dum suposto conflito entre liberdade humana e qualquer forma de lei. O Papa desenvolveu o tema da “lei natural”, fundamental no magistério católico, frisando que esta foi “inscrita” no ser humano pelo próprio Deus, “como bússola e medida interior da nossa vida”. “A Sagrada Escritura, a Tradição e o Magistério da Igreja dizem-nos que a vocação e a plena realização do homem consistem não na recusa da lei de Deus, mas na vida segundo a lei nova”, apontou. Assim, “é no acolhimento da caridade que vem de Deus (Deus caritas est!) que a liberdade encontra a sua mais alta realização”, prosseguiu. Contrariamente às ideias defendidas pela “moral laica”, Bento XVI considera que esta “lei de Deus” não limita ou elimina a liberdade humana, mas que, pelo contrário, “garante-a e promove-a”. “Uma ética que, na escuta da revelação, queira ser verdadeiramente racional, encontra em Cristo, que nos dá a nova aliança, a sua perfeição”, acrescentou. Segundo o Papa, é importante perceber que o Cristianismo, o caminho traçado por Jesus com o seu ensinamento, não é “uma norma imposta desde o exterior”, mas uma via que o próprio Jesus percorreu. “A relação com Cristo define a mais alta realização do agir moral do homem”, assegurou. Bento XVI considera que, à luz dos escritos do Novo Testamento, os cristãos devem viver e transmitir que o agir moral humano “não é ditado por normas exteriores, mas provém da relação vital que liga os crentes a Cristo e a Deus”.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top