Bento XVI confirma visita ao Reino Unido

Papa espera que devoção ao Cardeal John Newman «possa inspirar muitos a seguirem os seus passos»

Bento XVI confirmou que visitará o Reino Unido em 2010, vinte e oito anos após a última viagem papal ao país, protagonizada, em 1982, por João Paulo II. A data da estadia ainda não foi definida, embora seja provável que decorra em Setembro, integrada na beatificação do Cardeal John Newman.

A deslocação de Bento XVI ao Reino Unido decorre de um convite feito pelo primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, aquando de uma audiência privada ocorrida em Fevereiro do ano passado.

O arcebispo anglicano de York, John Sentamu, afirmou que o Papa seria “muito bem-vindo”, tendo reconhecido que ele é “um dos nossos grandes líderes cristãos”. Prevê-se que o programa da visita inclua um encontro entre Bento XVI e a rainha de Inglaterra.

A viagem já está a suscitar reacções negativas. A National Secular Society (Sociedade Nacional Secular) anunciou que vai montar uma campanha de protesto, na qual estarão envolvidos grupos homossexuais, vítimas de abuso clerical, feministas, organizações de planeamento familiar e grupos a favor do aborto, entre outros.

O exemplo do Cardeal Newman

O Cardeal Newman constitui para todos os padres um “exemplo de dedicação à oração, de sensibilidade pastoral para com as necessidades dos seus fiéis, e de paixão pela pregação do Evangelho”, afirmou Bento XVI aos bispos da Inglaterra e País de Gales, que nesta Segunda-feira concluíram a visita “ad limina Apostolorum”.

O Papa congratulou-se com os “muitos sinais de fé viva e de devoção” que se podem encontrar nos católicos de Inglaterra e País de Gales, “não obstante as pressões de uma época secularista”.

Depois de assinalar que o país é “bem conhecido pelo seu firme empenho na igualdade de oportunidades para todos os membros da sociedade”, Bento XVI criticou a legislação que impôs “limitações injustas à liberdade de as comunidades religiosas agirem de acordo com as suas convicções”. Sob certos aspectos – explicou – ela viola a lei natural sobre a qual se apoia a igualdade dos seres humanos e pela qual esta se encontra garantida”.

“Peço-vos insistentemente que, como Pastores, façais com que o ensinamento moral da Igreja seja sempre apresentado integralmente e convictamente defendido. A fidelidade ao Evangelho não limita, de modo algum, a liberdade dos outros; pelo contrário, está ao serviço da sua liberdade oferecendo-lhes a verdade. Continuai a insistir no direito a participar no debate nacional sobre um diálogo respeitoso com outros elementos da sociedade”.

Com esta atitude, sublinhou o Papa, os bispos não estarão apenas a “manter as longas tradições britânicas de liberdade de expressão e de franco intercâmbio de opiniões”. Trata-se também de “dar voz às convicções de muitas pessoas que perderam os meios para as exprimir”. Quando tantos cidadãos se declaram cristãos, como é que se pode discutir o direito do Evangelho a ser ouvido? – questionou o Papa.

Mas “para que a mensagem salvadora de Cristo possa ser apresentada de modo efectivo e convincente, na sua totalidade, é preciso que a Comunidade Católica do país fale com a unidade de uma mesma voz” – advertiu Bento XVI.

“Isso exige que não só vós, Bispos, mas também os padres, professores, catequistas, escritores – isto é, todos os que se encontram empenhados na tarefa de comunicar o Evangelho – estejam atentos aos apelos do Espírito, que guia toda a Igreja à verdade, congrega na unidade e inspira o seu zelo missionário”.

“É a verdade revelada através da Escritura e da Tradição e formulada pelo magistério da Igreja que nos torna livres”, observou o Papa. “Bem o compreendeu o Cardeal Newman, que nos deixou um claro exemplo de plena adesão da fé à verdade revelada, seguindo aquela terna luz aonde quer que nos conduza, mesmo quando isso representa um sério custo pessoal.”

“Na Igreja são hoje necessários escritores e comunicadores com a sua estatura e integridade. Tenho esperanças de que a devoção a ele possa inspirar muitos a seguirem os seus passos”, referiu Bento XVI.

“Neste Ano Sacerdotal, encorajo-vos vivamente a propordes aos vossos padres este exemplo de dedicação à oração, de sensibilidade pastoral para com os seus fiéis e de paixão pela pregação do Evangelho. Um exemplo que vós próprios tendes o dever de dar”, disse o Papa.

Ao lembrar o papel “insubstituível” do padre na vida da Igreja, Bento XVI pediu aos bispos britânicos que não poupem esforços para encorajar as vocações sacerdotais e para recordar aos leigos o sentido e a necessidade do sacerdócio (ministerial), ajudando-os a “evitar a tentação de encarar o clero como meros funcionários”.

A concluir, o Papa sublinhou a grande importância do diálogo ecuménico e inter-religioso no Reino Unido. Neste sentido, exortou os prelados à generosidade na aplicação da Constituição Apostólica Anglicanorum Coetibus, prestando “assistência àqueles grupos de Anglicanos que querem entrar na plena comunhão da Igreja Católica”. “Tenho a convicção – declarou Bento XVI – que, “se forem acolhidos de modo cordial e caloroso, esses grupos constituirão uma bênção para a Igreja inteira”.

Com Agências

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Agência ECCLESIA

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