Papa lembra viagem a Malta e destaca recusa do aborto e do divórcio nesse país
Bento XVI revelou esta Quarta-feira que assegurou às vítimas de abusos sexuais por parte do clero, em Malta, “acção da Igreja” quanto a esta matéria.
Na audiência geral que decorreu na Praça de São Pedro, o Papa recordou o encontro do último Domingo com um grupo de pessoas que afirmam ter sido sexualmente abusadas quando eram crianças.
“Quis encontrar-me com algumas pessoas vítimas de abusos por parte do clero. Partilhei o seu sofrimento e, com comoção, rezei com elas, assegurando a acção da Igreja”, referiu Bento XVI.
Após a reunião, na Nunciatura Apostólica, o Vaticano emitiu um comunicado no qual se revela que o Papa exprimiu “vergonha e dor” por causa destes casos.
Tal como acontecera em 2008, nos EUA e na Austrália, este encontro não estava previsto no programa oficial da viagem papal.
Bento XVI assegurou então que a Igreja “está a fazer e continuará a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para investigar alegações, levar à justiça os responsáveis pelos abusos e implementar medidas eficazes para salvaguardar os jovens, no futuro”.
Durante a audiência de hoje, o Papa passou em revista os vários momentos da viagem do último fim-de-semana, sublinhando que a comunidade cristã em Malta conjuga a mensagem cristã com as “complexas questões do nosso tempo”.
Nesse contexto, sublinhou que o povo maltês se mantém firme no respeito pela vida e pelo matrimónio ao não introduzir o aborto nem o divórcio no ordenamento jurídico do país.
Depois de se referir ao território como um ponto de encruzilhada entre países e civilizações, Bento XVI sublinhou que o país nunca esteve isolado ou fechado em si mesmo, o mesmo acontecendo com “a cruz de Malta, que eu vi ondular em todo o lado, nunca perdendo o seu autêntico significado como sinal de amor e reconciliação”.
“Com um vivo sentido de Deus e da Igreja, muitos jovens abraçam o chamamento de Jesus para ser presbíteros, aceitando partir para terras distantes a exemplo de São Paulo, que levara o Evangelho aonde não tinha ainda chegado”, disse ainda Bento XV.
A visita do Papa a Malta, a última antes da deslocação a Portugal, enquadrou-se na celebração dos 1950 anos do naufrágio de São Paulo nas costas da ilha, que lhe proporcionaram uma estadia de três meses durante a qual anunciou a mensagem cristã.
“Peregrinei à chamada ‘Gruta de São Paulo’, que me fez pensar em como o apóstolo manteve a confiança no Senhor no meio da tempestade e como um naufrágio pode também dar lugar a uma nova vida”, recordou o Papa, que realçou ter pedido aos jovens para não terem medo porque “o amor de Deus é maior do que qualquer temporal”.
Na saudação em língua portuguesa, Bento XVI pediu aos peregrinos que rezassem por Malta, para assim o ajudarem na missão que a Igreja lhe confiou há cinco anos, quando foi eleito Papa.
“Quis partilhar convosco esta experiência que vivi com a Igreja de Malta e Gozo, na esperança de contar com a vossa oração e solidariedade por eles”, referiu o Papa.
“Assim me ajudareis a levar o peso da missão que o Senhor há cinco anos me confiou. Nesta comunhão de sentimentos, agradeço-vos e formulo votos de felicidades para as vossas famílias e comunidades cristãs, e a todos abençoo”, acrescentou.
Ao longo do encontro foram feitas referências, em várias línguas, ao quinto aniversário da eleição pontifícia, que ocorreu esta Segunda-feira, seguidas do aplauso do público presente.