Bento XVI apelou à liberdade religiosa em encontro com cardeais

Encontro no Vaticano fez análise às dificuldades que a Igreja enfrenta, também no Ocidente, com críticas do Papa ao «relativismo»

Bento XVI lamentou, num encontro com cerca de 150 cardeais de todo o mundo, que a Igreja esteja a viver um tempo “difícil” em matéria de liberdade religiosa e voltou a lançar críticas à “ditadura” do relativismo.

O Papa falou esta Sexta-feira, no Vaticano, “num tempo de difícil empenho para afirmar a liberdade de anunciar a verdade do Evangelho e das grandes aquisições da cultura cristã”, indica comunicado oficial da Santa Sé.

A iniciativa acontece em vésperas do terceiro consistório do pontificado, em que serão criados 24 novos cardeais, a 20 de Novembro.

A manhã de trabalhos foi dedicada aos temas da liberdade religiosa e da liturgia, introduzidos por Bento XVI.

Segundo o comunicado da sala de imprensa da Santa Sé, “o Papa recordou que, no mandato do Senhor de anunciar o Evangelho, está implícita a exigência da liberdade de o fazer”, algo que “encontra várias oposições, na história”.

“A relação entre verdade e liberdade é essencial, mas hoje encontra-se perante o grande desafio do relativismo, que parece completar o conceito de liberdade, mas que, na realidade, se arrisca a destrui-la, propondo-se como uma verdadeira «ditadura»”, alertou.

A discussão sobre a situação da liberdade religiosa no mundo e novos desafios contou com uma apresentação do Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, que falou nas “tentativas de limitar a liberdade dos cristãos em várias regiões do mundo”.

Em particular, o número dois do Vaticano falou dos países ocidentais, nos quais identificou um “processo de secularização com tentativas de marginalização dos valores espirituais da vida social”.

Depois de citar também os países islâmicos, muitos dos quais criticados no recente Sínodo para o Médio Oriente, o cardeal Bertone destacou o esforço da Santa Sé, a nível internacional, na promoção do “respeito pela liberdade religiosa dos crentes”.

A liturgia na vida da Igreja, hoje, foi matéria da intervenção do prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, cardeal Antonio Cañizares Llovera, que pediu “fidelidade à disciplina litúrgica vigente”.

No debate, 18 cardeais falaram, sobretudo, da problemática da liberdade religiosa e “das dificuldades encontradas pela actividade da Igreja em diversas partes do mundo”.

Outra questão abordada foi a do diálogo entre religiões, “em particular com o Islão”.

O Papa foi saudado pelo Decano do colégio cardinalício, D. Angelo Sodano, o qual agradeceu a recente beatificação do cardeal John Newman, na Inglaterra, e o processo que decorre, no mesmo sentido, relativamente ao cardeal Van Thuan, do Vietname.

Depois de um almoço que juntou Bento XVI e os cardeais, todos os presentes discutiram, entre outros temas, os casos de abusos sexuais cometidos por membros do clero (ver notícia relacionada).

O último encontro do género tinha acontecido em Novembro de 2007.

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