Bento XVI apela a anúncio «corajoso» dos cristãos

Visita à localidade italiana de Sulmona assinala 8.º centenário do nascimento de S. Celestino V

Bento XVI recordou este Domingo o exemplo de vida de S. Celestino V, o Papa do séc. XIII que ficou na história por ter renunciado ao cargo, afirmando que o mesmo não cede a modas nem à violência.

“Jesus define alguns empenhos essenciais do discípulo: o anúncio sereno, claro e corajoso, da mensagem evangélica – mesmo nos momentos de perseguição – sem ceder ao fascínio da moda, nem ao da violência e da imposição; o desprendimento das preocupações pelas coisas – o dinheiro e a roupa – confiando na providência do Pai; a atenção e um cuidado particular para com os doentes no corpo e no espírito”, indicou.

Para o Papa, estas foram “as características do breve e difícil pontificado de Celestino V e são estas também as características da actividade missionária da Igreja, em todas as épocas”.

Durante a visita que realiza à localidade italiana de Sulmona, Bento XVI evocou os oitocentos anos do nascimento deste seu predecessor, considerando que o mesmo permanece na história pelas vicissitudes do seu tempo e pontificado, mas sobretudo pela sua santidade. ´

“De facto, a santidade nunca perde a sua força atractiva, não cai no esquecimento, nunca passa de moda; ao contrário, com o passar do tempo, resplandece com luminosidade cada vez maior, exprimindo a perene tensão do homem para Deus”, disse na homilia da Missa a que presidiu, na praça central da cidade.

Da vida de Celestino V, o actual Papa lembrou “o silêncio deste eremita, que desde a sua juventude se tornou em alguém que procurava Deus, um homem desejoso de encontrar resposta para as grandes interrogações da existência”.

“O silêncio tornou-se para ele o elemento que caracterizava o seu viver quotidiano”, sublinhou o Papa, para quem, actualmente, “vivemos numa sociedade em que cada espaço, cada momento parece ter de ser preenchido com iniciativas, actividades, sons; muitas vezes não há tempo nem sequer para escutar e para dialogar”.

“Não tenhamos medo de fazer silêncio fora e dentro de nós, se queremos ser capazes de perceber a voz de Deus, mas também a de quem está ao nosso lado, a voz dos outros”, pediu Bento XVI.

Mais à frente, o Papa convidou a “estar de olhos abertos, atentos com o olhar interior, do coração, para sermos capazes de descobrir, como fizeram os santos, os sinais da presença e da bondade de Deus na nossa existência”.

Além disso, “no silêncio interior, na percepção da presença do Senhor, São Pedro Celestino tinha amadurecido uma experiência viva da beleza da criação, obra das mãos de Deus; ele sabia captar o seu sentido profundo, respeitando os seus sinais e ritmos e utilizando-os naquilo que é essencial para a vida”.

O actual Papa recordou que quando Celestino V foi eleito quis conceder uma indulgência especial para o perdão dos pecados e das suas consequências. “Desejo exortar os padres a tornarem-se testemunhas claras e credíveis da boa notícia da reconciliação com Deus, ajudando o homem de hoje a recuperar o sentido do pecado e do perdão de Deus”.

No final da celebração, antes da recitação do Angelus, já por volta do meio-dia, Bento XVI evocou a figura de Maria como “Virgem do silêncio e da escuta”, na qual São Pedro Celestino “encontrou o perfeito modelo de obediência à vontade divina, numa vida simples e humilde, dedicada à procura do que é verdadeiramente essencial, capaz de dar sempre graças ao Senhor, reconhecendo em todas as coisas um dom da sua bondade.

“Também nós, que vivemos numa época de maiores comodidades e possibilidades, somos chamados a apreciar um estilo de vida sóbrio, para conservar mais livres a mente e o coração e para podermos partilhar os bens com os irmãos”, apontou.

(Com Rádio Vaticano)

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top