Bento XVI aceita renúncia do Arcebispo de Varsóvia

Papa nomeou interinamente o Cardeal Jozef Glemp, primaz da Polónia A Nunciatura Apostólica na Polónia anunciou que D. Estanislau Wielgus, Arcebispo de Varsóvia, assinou o pedido de resignação ao seu cargo canónico, em conformidade com o Cânone 401, parágrafo 2, do Código de Direito Canónico (onde se invoca «causa grave» como justificação para a decisão. O pedido aconteceu no dia em que estava previsto o ingresso do Arcebispo na Catedral de São João Baptista, para dar início ao seu ministério pastoral. No sábado, 6 de Janeiro, D. Wielgus tinha admitido as suas responsabilidades por ter colaborado, durante a sua juventude, com os serviços secretos do antigo regime comunista polaco. Bento XVI aceitou a demissão do Arcebispo D. Estanislau Wielgus, e nomeou interinamente o Cardeal Jozef Glemp, primaz da Polónia, administrador apostólico da arquidiocese de que era titular, até novas disposições. Neste domingo de manhã, o Cardeal Glemp celebrou Missa na catedral de Varsóvia. Na homilia, improvisada, o Primaz da Polónia criticou a forma que assumiram as acusações dirigidas a D. Wielgus. Reacção dura Sobre esta questão, o director da Rádio Vaticano e da sala de imprensa da Santa Sé, o Pe. Frederico Lombardi, frisou que “o comportamento de D. Wielgus, nos tempos passados do regime comunista, na Polónia, comprometeu gravemente a sua credibilidade, mesmo junto dos fiéis católicos”. “Assim, não obstante o seu humilde e tocante pedido de perdão, a renúncia à sede de Varsóvia e a sua imediata aceitação da parte do Santo Padre apareceu como a solução apropriada perante a situação de desorientamento que se tinha criado no país”, acrescentou. Segundo o porta-voz do Vaticano, este “é um momento de grande sofrimento para uma Igreja a que todos devemos muitíssimo e que amamos, que nos deu pastores da grandeza do Cardeal Wyszynski e sobretudo do Papa João Paulo II. A Igreja universal deve sentir-se espiritualmente solidária com a Igreja que está na Polónia, acompanhando-a com a oração e encorajando-a para que possa reencontrar a serenidade sem mais tardar”. O Pe. Lombardi alertou, por outro lado, que “o caso de D. Wielgus não é o primeiro e provavelmente não será o último caso de ataque a personalidades da Igreja, a partir da documentação dos Serviços secretos do antigo regime” “Trata-se de um material imenso. Na busca de uma sua justa avaliação, que permita chegar a conclusões plausíveis, é preciso não esquecer que foi produzido por funcionários de um regime opressivo que recorria sistemáticamente à chantagem sobre os cidadãos”, alertou. Para o director da sala de imprensa da Santa Sé estamos mesmo na presença de uma “vingança”: “A tantos anos de distância do final do regime comunista, quando acabou por faltar a elevada e inatacável figura do Papa João Paulo II, a actual vaga de ataques à Igreja Católica na Polónia, mais do que com uma sincera busca de transparência e de verdade, configura-se muito mais como uma estranha aliança entre os perseguidores de outrora e outros seus adversários e de uma vingança da parte de quem, no passado, a tinha perseguida e que se viu derrotado pela fé e pela vontade de liberdade do povo polaco”. Em conclusão, este responsável assegura que “a Igreja não tem medo da verdade e, para serem fiéis ao seu Senhor, os seus membros devem saber reconhecer as suas próprias culpas”. “Fazemos votos de que a Igreja na Polónia saiba viver e superar com coragem e lucidez este difícil período, para poder continuar a dar o seu precioso e extraordinário contributo de fé e de entusiasmo evangélico à Igreja europeia e universal”, apontou. (Com Rádio Vaticano)

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