Lisboa, 30 dez 2012 (Ecclesia) – O ano de 2012 vai ficar na história do Vaticano, entre outros motivos, pelo inédito julgamento do caso de fuga de documentos confidenciais de Bento XVI, o ‘vatileaks’, bem como pela chegada do Papa à rede social Twitter.
Paolo Gabriele, ex-mordomo de Bento XVI, foi detido em maio e condenado a 18 meses de prisão efetiva por “furto agravado”, pena que viria a ser interrompida a 22 de dezembro, após um indulto do próprio Papa.
“Os acontecimentos verificados por estes dias, a respeito da Cúria e dos meus colaboradores, causaram tristeza no meu coração”, disse Bento XVI, na audiência geral de 30 de maio.
A 12 de dezembro, o Papa chegava ao Twitter, onde conta já com mais de dois milhões de seguidores em oito línguas, incluindo o português.
“Queridos amigos, é com alegria que entro em contacto convosco via twitter. Obrigado pela resposta generosa. De coração vos abençoo a todos”, escreveu Bento XVI, no texto publicado em @pontifex, a partir do Vaticano.
Ao longo deste ano, Bento XVI empreendeu duas viagens internacionais: ao México e Cuba (23-29 de março) e ao Líbano (14-16 de setembro).
A segunda visita papal na história de Cuba contou com apelos à mudança e ao respeito pela dignidade humana, após celebrações com centenas de milhares de católicos e encontros com Raúl e Fidel Castro.
No Líbano, o Papa assinou e entregou a exortação apostólica ‘Ecclesia in Medio Oriente’ (Igreja no Médio Oriente), na qual exige a plena “cidadania” para os cristãos na região e defende a necessidade de “libertar” a religião do “peso da política”.
O calendário incluiu a participação no Encontro Mundial das Famílias, realizado em Milão (1-3 de junho), a abertura do Ano da Fé (11 de outubro), nos 50 anos do Concílio Vaticano II, e a realização do Sínodo dos Bispos dedicado à nova evangelização (7-28 de outubro).
Bento XVI encerrou a sua trilogia sobre ‘Jesus de Nazaré’ com um livro sobre a infância de Cristo e assinou um artigo sobre o Natal no jornal económico ‘Financial Times’.
Os discursos e intervenções públicas do Papa lembraram as vítimas de catástrofes naturais e conflitos armados que atingiram diversas partes do mundo, com relevo para os apelos à paz na Síria e em todo o Médio Oriente, como aconteceu na mensagem de Natal.
Este foi também o ano em que Bento XVI criou um novo cardeal português, D. Manuel Monteiro de Castro – penitenciário-mor da Santa Sé -, para além de outros 27, em dois consistórios (18 de fevereiro e 24 de novembro), tendo canonizado sete santos e proclamado como doutores da Igreja São João d’Ávila e Santa Hildegarda de Bingen.
Ainda entre os cardeais, nota para o falecimento de D. Carlo Maria Martini, arcebispo emérito de Milão, recordado como um homem “atento a todas as situações”.
No Ano Europeu do Envelhecimento Ativo, o Papa apelou ao respeito pelos idosos, na visita que fez à casa-família ‘Viva os anciãos’, da comunidade católica de Santo Egídio, em Roma, no dia 12 de novembro.
Bento XVI publicou um Motu Proprio sobre o “serviço da caridade” e outro que instituiu a Pontifícia Academia de Latinidade.
Além da referida passagem por Milão, Bento XVI fez três viagens na Itália, incluindo uma visita às vítimas do terramoto da região da Emília Romanha (26 de junho); Loreto (4 de outubro) e Arezzo, La Verna e Sansepolcro (13 de maio) foram os outros destinos.
A atividade da Santa Sé ficou também marcada pelo impasse nas negociações com a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, fundada por D. Marcel Lefèbvre (1905-1991).
OC