Bens Culturais da Igreja. Redescobrir sempre!

Eles são expressão, não apenas passada, da experiência de um povo, de pessoas. É algo vivo e que comunica uma vida. É recorrente, e confessemos que em muitos casos começa a ser inconsequente, falar de mundo de informação. Um mundo vasto que une o mundo disperso. Uma atitude que pretende unir e não separar ou cortar. A vastidão e a intensidade da comunicação. O saber tudo a qualquer momento e em qualquer lugar. A velocidade da informação transmitida pelos mais variados meios. Enfim, todas elas perspectivas sabidas e assimiladas, discutidas, conversadas ou, pura e simplesmente, concebidas. Reflectir sobre este assunto, apesar de, como dissemos, parecer inconsequente, é absolutamente necessário, porque é sempre novo e actual. Neste sentido, pensar a problemática dos Bens Culturais da Igreja no âmbito da comunicação e da globalidade da informação, não deixa de ser um desafio. É que pensar a referida problemática é perceber e sentir a arte cristã, nas suas mais variadas perspectivas e vertentes, como alguma coisa que gera comunicação, informa e forma aqueles que se dispõem a olhá-la e a vivê-la. Na verdade, a arte cristã nasce na lógica do mistério da incarnação como uma ténue continuidade dessa comunicação de Deus à História, mas ao mesmo tempo afirmando a força de uma mensagem que perdura no tempo e na história, nessa história que vive as fortes consequências da Ressurreição. Se anteriormente falámos de informação, em excesso ou não, há uma questão que temos de levantar e, acima de tudo sentir. É que nessa tal intensidade de informação que todos os dias, a todo o momento, nos chega, há mensagens que não são outra coisa senão uma contra mensagem. Informação, não tecnicamente errada, mas geradora de conflito, atrito e pouco pacífica. Nesta dimensão da informação e melhor ainda, na intencionalidade que está por detrás dela, a comunicação, a arte cristã tem no mundo um papel fundamental. Para além de unir na dimensão da fé os crentes, permitindo-lhes “ver” os mistérios que celebram, permite ainda despertar nos observadores, crentes ou não, sentimentos novos e redescobrir a beleza. Normalmente a leitura formal das coisas não se fica por aí. Essa leitura abre novos olhares, indo mais longe e atingindo outros objectivos. Tudo isto significa reforçar o que a Igreja sente e vive em relação aos Bens Culturais. Eles são expressão, não apenas passada, da experiência de um povo, de pessoas. É algo vivo e que comunica uma vida. Materiais ou imateriais, móveis ou imóveis, são sempre essa linguagem actual e actuante na vida das pessoas. Há necessidade, nessa tal questão da informação, de perceber como é importante e bom haver essa boa referência a uma sã comunicação. A missão dos bens culturais na vida da Igreja, como depreendemos, não é apenas uma questão de valorização histórica e patrimonial. Ficar somente na leitura e numa avaliação material dos bens empobrece o olhar sobre os mesmos. Nesta linha, e desde há muito, a Igreja tem procurado incutir a necessidade, nunca esquecida de os valorizar. Reavivar continuamente esta necessidade é tarefa actual. Tem havido, como sabemos, um saudável crescente interesse sobre esta realidade. E porque é uma realidade, é actual e impossível de esquecer. Valorizar pastoralmente, propor caminhos de diálogo com a cultura a partir daquilo que são expressão viva da cultura cristã. Redescobrir a força da informação subjacente e, mais ainda, da força comunicativa dos bens culturais. Usá-los, acima de tudo dar-lhes uso e dar a conhecer o seu sentido, são um desafio que é conhecido e indiscutível, mas ao mesmo tempo sempre necessário. O trabalho realizado pelas várias entidades, Dioceses, Congregações, Paróquias e Serviços Diocesanos, permite-nos compreender melhor como cada vez mais os Bens Culturais da Igreja são uma realidade transversal a todos os sectores da vivência eclesial. Pastoralmente, eles passam por todas as realidades, teologicamente eles dão sentido e clareza à experiência teológica de séculos. Exposições, colóquios, conferências, restauros de fundo ou mais superficiais, acções da mais variada ordem relacionadas com os Bens Culturais, são uma realidade. Há que dar a conhecer e incentivar à participação. Diálogo com entidades, possíveis mecenas, apelar a um compromisso conjunto, unificar iniciativas e abrir portas, podemos estar certos de que serão um princípio, que apesar de existir, necessita sempre de uma releitura. O crescente interesse, por parte de tantos agentes, religiosos e não só, deve constituir sempre o ponto de partida, para ser também o ponto de chegada. Pe. António Pedro Boto de Oliveira Dir. Bens Culturais Patriarcado de Lisboa

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